Alexandre Herculano
A Harpa do Crente
Tentativas poeticas pelo auctor da Voz do Propheta
Publicado pela Editora Good Press, 2022
goodpress@okpublishing.info
EAN 4064066407070
Índice de conteúdo
TENTATIVAS POETICAS
AUCTOR DA VOZ DO PROPHETA.
TENTATIVAS POETICAS
AUCTOR
VOZ DO PROPHETA.
A Semana Sancta.
A Semana Sancta.
I.
II.
III.
IV.
V.
VI.
VII.
VIII.
IX.
X.
XI.
XII.
XIII.
XIV.
XV.
XVI.
XVII.
TENTATIVAS POETICAS
AUCTOR
VOZ DO PROPHETA.
A Arrabida.
A Arrabida. [1830.]
I.
II.
III.
IV.
V.
VI.
VII.
VIII.
IX.
X.
XI.
XII.
A Voz.
A Voz.
A Victoria e a Piedade.
A Victoria e a Piedade.
TENTATIVAS POETICAS
AUCTOR
VOZ DO PROPHETA.
Deus.
Deus.
A Tempestade.
A Tempestade.
O Soldado.
O Soldado.
I.
II.
III.
IV.
V.
VI.
D. Pedro.
D. Pedro.
TENTATIVAS POETICAS
Índice de conteúdo
PELO
AUCTOR DA VOZ DO PROPHETA.
Índice de conteúdo
LISBOA--1838
NA TYP. DA SOCIEDADE PROPAGADORA DOS CONHECIMENTOS UTEIS.
Rua direita do Arsenal--n.o 55.
A HARPA DO CRENTE.
Índice de conteúdo
TENTATIVAS POETICAS
Índice de conteúdo
PELO
AUCTOR
Índice de conteúdo
DA
VOZ DO PROPHETA.
Índice de conteúdo
PRIMEIRA SERIE.
LISBOA--1838
NA TYP. DA SOCIEDADE PROPAGADORA DOS CONHECIMENTOS UTEIS.
Rua direita do Arsenal--n.o 55.
A Semana Sancta.
Índice de conteúdo
A S. Ex.a O MARQUEZ DE RESENDE.
Em testemunho de amisade e veneração
Offerece o Auctor.
A Semana Sancta.
Índice de conteúdo
Der Gedanke Gott weckt einen furchterlichem Nachbar auf, sein Name heisst Richter.
Schiller.
I.
Índice de conteúdo
Tibio o sol entre as nuvens do occidente Já lá se inclina ao mar. Grave e solemne Vai a hora da tarde!--O oeste passa Mudo nos troncos da lameda antiga, Que já borbulha á voz da primavera: O oeste passa mudo, e cruza a porta Ponteaguda do templo, edificado Por mãos rudes de avós, em monumento De uma herança de fé, que nos legaram, A nós seus netos, homens de alto esforço, Que nos rimos da herança, e que insultamos A cruz e o templo e a crença de outras eras: Nós, homens fortes, servos de tyrannos, Que sabemos tão bem rojar seus ferros Sem nos queixar, menospresando a Patria E a liberdade, e o combater por ella. Eu não!--eu rujo escravo; eu creio e espero No Deus das almas generosas, puras, E os despotas maldigo.--Entendimento Bronco, lançado em seculo fundido Na servidão de goso ataviada, Creio que Deus é Deus, e os homens livres!
II.
Índice de conteúdo
Oh sim!--rude amador de antigos sonhos, Irei pedir aos tumulos dos velhos Religioso enthusiasmo, e canto novo Hei-de tecer, que os homens do futuro Entenderão:--um canto escarnecido Pelos filhos dest' épocha mesquinha, Em que vim peregrino a vêr o mundo, E chegar a meu termo, e repousar-me Depois á sombra de um cypreste amigo.
III.
Índice de conteúdo
Passa o vento os do portico da Igreja Esculpidos umbraes: correndo as naves Sussurrou, sussurrou entre as columnas De gothico lavor: no orgam do coro Veio em fim murmurar e esvaecer-se. Mas porque sôa o vento?--Está deserto, Silencioso ainda o sacro templo: Nenhuma voz humana ainda recorda Os hymnos do Senhor. A natureza Foi a primeira em celebrar seu nome Neste dia de lucto e de saudade! Trévas da quarta feira eu vos saudo! Negras paredes, velhas testemunhas De todas essas orações de mágoa, Ou esperança, ou gratidão, ou sustos, Depositados ante vós nos dias De uma crença fervente, hoje enlutadas De mais escuro dó, eu vos saudo! A loucura da cruz não morreu toda Apoz dezoito seculos!--Quem chore Do sofrimento o Heróe existe ainda. Eu chorarei--que as lagrymas são do homem-- Pelo Amigo do povo, assassinado Por tyrannos, e hypocritas, e turbas Envilecidas, barbaras, e servas.
IV.
Índice de conteúdo
Tu, Anjo do Senhor, que accendes o estro; Que no espaço entre o abysmo e os ceus vagueas, D'onde mergulhas no oceano a vista; Tu que do trovador na mente arrojas Quanto ha nos ceus esperançoso e bello, Quanto ha no inferno tenebroso e triste, Quanto ha nos mares magestoso e vago, Hoje te invoco!--oh vem!--lança em minha alma A harmonia celeste e o fogo e o genio, Que dêm vida e vigor a um carme pio.
V.
Índice de conteúdo
A noite escura desce: o sol de todo Nos mares se afogou: a luz dos mortos, Dos brandões o clarão fulgura ao longe, No cruzeiro somente e em volta da ara: E pelas naves começou ruído De compassado andar. Fiéis acodem A visitar o Eterno, e ouvir queixumes Do vate de Sion. Em breve os monges Lamentosas canções aos ceus erguendo, Sua voz unirão á voz desse orgam, E os sons e os écchos reboaráõ no templo. Mudo o côro depois, neste recinto Dentro em bem pouco reinará silencio, O silencio dos tumulos, e as trevas Cubrirão por esta área a luz escassa Despedida das lampadas, que pendem Ante os altares, bruxuleando frouxas. Imagem da existencia!--Em quanto passam Os dias infantís, as paixões tuas, Homem, qual então és, são debeis todas: Cresceste:--ei-las torrente, em cujo dorso Sobrenadam a dor, e o pranto, e o longo Gemido do remorso, a qual lançar-se Vai, com rouco estridor, no antro da morte, Lá onde é tudo horror, silencio, noite. Da vida tua instantes florescentes Foram dous, e não mais: as cãas e rugas, Breve, rebate de teu fim te deram. Tu foste apenas som, que o ar ferindo Se esvaíu pelo espaço immensuravel. E a casa do Senhor ergueu-se!--o ferro Cortou a penedia; e o canto enorme. Polido alveja alli no espesso panno Do muro collossal, que ha visto as eras Velhas chegar, e adormecer-lhe ao lado: A faia e o sobro no caír rangeram Sob o machado: a trave affeiçoou-se; Lá na cimo pousou: restruge ao longe De martellos fragor, e eis ergue o templo, Por entre as nuvens, bronzeadas grimpas. Homem, do que és capaz! Tu, cujo alento, Se esváe, como da cerva a leve pista No pó se apaga ao respirar da tarde, Do seio dessa terra em que és estranho Saír fazes as moles seculares, Que por ti, morto, fallem: dás na idéa Eterna duração ás obras tuas! Tua alma é immortal, e a prova a déste!
VI.
Índice de conteúdo