Bella Prudencio

Clube dos Suicidas

 

SAGA Egmont

Nota da autora

Olá, aqui é a Bella Prudencio.

Nesta obra eu trato, em primeira pessoa, da luta de alguém contra questões de sua própria psiquê; por conta disso, a visão da protagonista pode parecer um pouco distorcida da realidade.

A intenção é gerar um debate a favor da vida, incentivando as pessoas a buscar por gente que queira seu bem e por profissionais especializados capazes de oferecer ajuda.

A obra é fictícia e qualquer correspondência com a realidade é mera coincidência.

Queria deixar bem claro que eu não incentivo nem romantizo alguns comportamentos aqui descritos, e que a obra pode gerar gatilhos caso pensamentos suicidas, transtornos alimentares e de ansiedade, insegurança severa com a paternidade/maternidade, abuso em relacionamentos forem temas que mexam com você.

Se você não se sentir confortável, pare a leitura imediatamente.

Em caso de urgência busque o Centro de Valorização da Vida pelo site: http://www.cvv.org.br/ ou pelo número 188.

Não deixe de buscar ajuda profissional como a de um psicólogo e/ou psiquiatra.

1

Aquela noite no bar

É pouca a vontade que me faz estar aqui. No cardápio, não me parece haver muitas opções de bebida. Apesar disso ser um bar, o clima jovem e descolado parece meio forçado. Ouvi dizer que as garçonetes daqui são freelancers, e a falta de carisma me convence de que é verdade. Às vezes eu acho que tenho mais potencial para ser empreendedora do que os empresários da minha cidade; só me falta o dinheiro.

— Putz, não tem ice? — A moça de cabelo rosa que estava me atendendo torce a boca e balança a cabeça em negativa. Eu mordo o lábio. — Ok, então me vê essa caipirinha aqui.

A garçonete pega o cardápio e leva de volta para dentro do bar. Suspiro.

Olho pro lado e percebo um garoto loiro de cabelo raspado bem rente, com o braço esquerdo completamente tatuado, tirando fotos de um grupo de amigos sentados na mesa ao lado. Fico em dúvida se ele é fotógrafo do bar ou se estava apenas tirando fotos dos amigos.

Ficar sozinha no bar é meio estranho; eu pessoalmente não gosto muito, mas estou aqui esperando uma pessoa. Abro a bolsa, busco um cigarro e o acendo sem dificuldades.

Puxo o celular do bolso e abro minhas redes sociais, rolando a tela de atualizações sem nenhuma pretensão, apenas para matar o tempo. Sinto que a tecnologia nos deixou meio distantes, meio longe das pessoas. Eu, por exemplo, não saberia como começar uma conversa com a mesa ao lado, mesmo conhecendo por alto, talvez de vista, não sei ao certo, um rapaz que estava sentado na mesa ao lado. Começo a me sentir um pouco culpada por esse comportamento, mas não tenho escolha.

No fundo, os alto-falantes do bar tocam algum hit do momento e eu acompanho o ritmo batendo os dedos no tampo da mesa de madeira. A internet não chama muito a minha atenção, só me distrai e me distancia do mundo.

Dou um bocejo. Hoje foi um dia bem cansativo e agora eu estou aqui, mas não queria estar.

A verdade é que eu não queria estar em lugar nenhum, eu queria estar em casa, com a cabeça enterrada no travesseiro, me culpando sem parar por todas as merdas que aconteceram e acontecem comigo. Só que não tenho para onde fugir. Algumas merdas a gente precisa resolver.

Minha bebida chega e, antes que eu consiga dar o primeiro gole, ouço um carro chegando com música pop no último volume. Me viro e percebo que é uma antiga amiga minha dos tempos de escola. O carro a deixa na porta do bar e vai embora logo em seguida.

— Bruna! Quanto tempo!

Ela vem correndo para me abraçar. Apesar de pequena e magrinha, Tatiana é extremamente forte e quase me esmaga. Ao lado dela está Ana Júlia, uma outra colega nossa dos tempos de escola. O que eu acho estranho é como a minha relação com as pessoas mudou de um tempo pra cá.

Ao ver a Ana, a primeira coisa que eu penso é “putz ela tem curtido e comentado vários posts meus”, mas na vida real as coisas não mudaram muito. Dois beijinhos no rosto e um “oi, tudo bem?”. Nada diferente de como é sempre.

— Pô, você tá sozinha aí?

Aceno positivamente com a cabeça, sem dizer nada. A cadeira vazia à minha frente já fala por mim. Elas se sentam comigo e chamam a garçonete. Cada uma pede uma bebida e, quando dou por mim e resolvo olhar a mesa ao lado, percebo que o pessoal já foi embora.

— O que você veio fazer aqui? — Tatiana tem uma mania péssima de não calar a boca nunca. Já Ana Júlia está quietinha com o rosto no celular.

— Vim me resolver com o Lucas, mas acho que ele me deixou esperando de novo. — Suspiro e coloco o canudo da bebida na boca.

Tatiana só torce os lábios e olha pro chão; ela sabe a história toda de Lucas e sente muito por mim.

— Cara, você deveria deixar isso pra lá e seguir sua vida. Não foi culpa sua, saca?

Agora é minha vez de torcer os lábios e olhar para baixo. Eu já não sei o que dizer pra ela, como explicar, o que falar. Todo mundo sabe o que aconteceu. Não tenho mais o que esconder e agora tudo o que me resta é aceitar que, como diria Sartre, somos responsáveis por nós mesmos e pelas nossas escolhas.

A liberdade é realmente uma condenação.

— Gente, o Lucas nem na cidade está — disse Ana Júlia me mostrando a tela do celular. — Ele pegou a BR, aqui diz que ele está indo pra Niterói.

Droga.

A foto é a vista da janela do carro dele com as luzes do painel brilhando. Juro que meu pensamento neste exato instante é que o carro bata e que ele morra.

— Porra que filho da puta. Nem pra me avisar — xingo, e só quando tomo consciência desse pensamento é que eu percebo o quanto eu desejo que ele morra naquela estrada. Me sinto culpada logo em seguida, mas a culpa não anula a raiva que eu sinto.

— Amiga, você sabe que tudo que ele quer é te torturar, não sabe?

Ignoro a Tati, mas por dentro eu concordo plenamente. Tudo o que ele quer é me fazer sentir culpada por algo que nem foi erro meu, mas dele.

A história é que pouco tempo antes de a gente terminar, eu acabei descobrindo uma traição. Ele marcou de encontrar comigo na casa dele, mas quando eu cheguei lá, ele estava no treino e iria se atrasar. Acabei ligando o computador do quarto dele pra mexer na internet enquanto esperava. Esqueci de entrar no modo de navegação privada, para não salvar o histórico no computador de outra pessoa e, quando acessei o Facebook, fui parar na página dele e havia uma mensagem não visualizada.

O cara foi escroto o suficiente pra dizer que eu que estava invadindo a privacidade dele, que eu é que estava errada.

Pensar nessa situação me faz dar um suspiro pesado. Eu decidi vir aqui esta noite para me desculpar por supostamente ter sido cruel quando terminei o namoro. Afinal, quem iria gostar de mim, não é mesmo? Uma mulher problemática, com questões fortíssimas de autoestima e que mal come. Chorona, esquisita, feia, insuportável. Ele me disse tudo isso no final, e eu sei muito bem que é verdade. Eu estava completamente desestruturada.

— Ei, João! Vem sentar com a gente. — Tati quebra o silêncio, gritando para o menino fotógrafo que vem saindo de dentro do bar. Ele ainda está com a bolsa da câmera apoiada no corpo. O João tem um andar meio devagar, meio sem vontade. Ele não diz nada e apenas se senta ao nosso lado. — Bruna, esse é meu amigo João Guilherme.

— Só João, Tati — ele corrige, e ela revira os olhos. — Prazer em te conhecer Bruna! — o rapaz diz, me encarando e me estendendo a mão direita, com uma tatuagem de cruz. Aperto a mão dele. — Aliás, quanto tempo a gente não se vê, né? — Sua voz é rouca, baixa. Ele está desanimado, mas dá um sorriso como quem estivesse lutando para fingir que se importa, para fingir que está tudo bem.

— Sim, muito, muito. Como está seu filho?

Ele abre um sorriso.

— O tratamento dele vai bem, eu acho… — Porém, ao terminar a frase, o sorriso desaparece e ele fica sério.

Vejo João abaixar a cabeça. Ele é atraente de um jeito estranho, e meus olhos estavam fixos nele desde que ele chegou. Não é como se eu tivesse visto um homem bonito e olhasse por mera atração sexual, apesar de ele ser atraente de verdade. João tem um certo magnetismo.

Enfim, sua imagem não anula minhas dores.

— Já que você está aqui na bad, e eu e a Júlia estamos aqui só de passagem, seria legal se você e o João não se divertissem um pouco.

Confesso que eu não estou muito no clima pra “me divertir”. Aposto que minha cara denuncia que eu não estou nada bem. Mordo o lábio e dou meu típico sorriso falso sem mostrar os dentes. Só aceno positivamente com a cabeça.

— Pra onde você vai? — pergunto, tentando fingir ser simpática.

— Vou pro Balcão 382, vai ter um especial de reggae.

Faço que sim com a cabeça, pouco interessada. Não é o tipo de programa que me agrada. Aliás, nada que incluísse sair de casa me agradava muito. Na verdade, ultimamente, nada me agradava.

— Eu sei que não é seu tipo de rolê, amiga. Se fosse, eu te chamava. Só estou esperando uma colega nossa pra eu e a Júlia irmos.

Faço que sim com a cabeça, ainda com meu sorriso falso nos lábios. É quando eu percebo que o João está me encarando. Dou uma espiada nele, e ele desvia o olhar. Ficamos os dois encarando o chão, tímidos.

Tomada por algo súbito, porém, não sei se foi a bebida subiu à cabeça, eu resolvo falar:

— Então, João, o que você faz da vida? Quantos anos você tem?

João levanta o olhar e me encara em dúvida. Ele umedece os lábios rapidamente com a língua e abre a boca, meio bobo, como se estivesse pensando no que falar. Depois de uns dois segundos travado, ele diz:

— Tenho 22 anos. — E acrescenta batendo na bolsinha da máquina. — Tiro fotos às vezes. E sou técnico de informática numa empresa que presta serviços terceirizados.

Faço que sim com a cabeça.

— Que legal. — Sorrio, mas dessa vez é com sinceridade, tentando animá-lo, tentando fazer com que ele se sinta menos mal de estar aqui numa situação meio chata, com pessoas que ele não conhece.

Então ele sorri de volta.

— E você?

— Tenho 20, estudo Jornalismo e escrevo pra um jornal local.

Dessa vez é ele quem assente com a cabeça.

— Muito bacana.

Ficamos nos encarando por alguns segundos. João tem olhos cor de mel que contrastam com seu cabelo raspado. Eu tinha razão, ele é magnético e muito bonito. Não sei bem o que fazer com essas duas descobertas, mas eu quero fazer esse cara mostrar o sorriso bonito de novo.

Apesar disso, os resquícios de felicidade da nossa pequena interação vão se desfazendo diante dos nossos olhos. O sorriso vai derretendo, e o semblante sério e sem vida que tínhamos antes retorna.

Ele está tão triste quanto eu.

— Então meninos, muito bom que vocês estejam se entendendo e se conhecendo aí, mas eu e a Júlia estamos indo, ok?

Quando conseguimos desvencilhar os olhos um do outro, as meninas estão nos abraçando, beijando e dando tchauzinho. Ficamos um tempo meio sem jeito, seguindo no automático daquele protocolo todo. Observamos tudo acontecer como dois patetas e, quando as meninas já estão na esquina, nós voltamos a nos olhar, meio abobados com a velocidade com que o mundo corria enquanto estávamos caindo na lentidão de uma guerra de olhares.

— Então… — dissemos em uníssono, e caímos na risada logo depois. A risada não dura muito, algo me diz que não estamos felizes o suficiente.

— Que coincidência — digo, suspirando.

— Pois é, né?

Eu o encaro de novo, mas o encanto foi quebrado. Novamente sinto seu magnetismo, mas não sinto a força do primeiro olhar. Apenas umedeço o lábio, olho pra baixo, para o meu drinque e bebo numa tacada certeira todo o conteúdo do copo.

Começo a me questionar se João está se sentindo como eu.

Quando estamos num momento de tristeza, quando estamos nos sentindo mal com a gente, acabamos ficando vulneráveis. Queremos desabafar com o maior número de pessoas. É como se pedíssemos ajuda a qualquer desconhecido: “por favor, me ajuda a me livrar disso, por favor me salve de mim mesma”.

E reparar em como o meu semblante e o de João ficam tristes com tanta rapidez, reparar em como a felicidade não parece ter uma morada fixa e estável em nossos corações — tudo isso me faz pensar em como me sinto fraca em relação a algumas coisas. Me faz pensar que, talvez, se nos uníssemos, quem sabe…

— Ei, Bruna — ele chama, e eu vejo que ele se afastou de mim. A cadeira, levemente para o lado, o corpo mais próximo do encosto, meio virado para longe. Isso sem contar as mãos: uma apoiada na cadeira, e a outra sobre o tampo da mesa. João está se preparando para ir embora. — Olha, tá meio tarde e eu não tô legal. Acho que vou embora, ok?

O que eu posso dizer pra ele? “Não! Por favor, fica. Eu quero abrir minha vida pra você, um cara que eu acabei de conhecer, mas eu acho que vai me entender!” Um pouco psicopata, né?

Me sinto fraca.

Sinto as mãos começarem a suar, e ele repara que eu quero dizer alguma coisa, mas só não sei o quê.

— Tranquilo, acho que vou pedir um táxi.

Ele acena positivamente com a cabeça e se levanta.

— João, espera! — Ele se vira e me encara. — Eu tô vendo que você não tá legal; eu já tinha reparado antes de você falar. Me dá seu celular. Vou salvar meu número. Não precisa me dar o seu não, mas me liga ou manda mensagem se você se sentir assim de novo, tá?

— Tudo bem. Obrigado por se importar.

2

Segunda-feira, café e a menina morta na Baixada

— Eu odeio ficar escrevendo pra seção policial, Raquel — eu digo pra minha chefe quando ela coloca uns rascunhos de matérias na minha mesa naquela segunda-feira. Por pouco não derrubo café em cima dos papéis.

Raquel é a única pessoa nesse jornal que não manda as coisas por e-mail. Ela imprime e vai diretamente à mesa das pessoas.

— Sinto muito, Bruna. Mas você também reclamou quando escreveu pra coluna social.

Suspiro.

— Mas aquela Fabiana é um saco!

Fabiana é uma blogueira que escreve coisas inúteis para eu colocar na coluna social. Meu limite foi quando ela corrigiu uma legenda que eu havia feito para um casal que estava viajando para Buenos Aires. O texto foi de “Fulano e fulana se divertem em Buenos Aires” para “Fulana está arrasando nas makes!”. O detalhe é que a mulher da foto à qual ela se referia estava de óculos escuros.

— Então é o que a gente tem pra você, gafanhota.

Reclamo quando ela saía da minha frente, batendo o salto no chão de madeira. Tenho que redigir uma notícia para o site. É só pegar os papéis e passar pro computador numa linguagem jornalística. Simples assim.

Pego o material enquanto dou um longo gole no café. São duas notícias curtas, a coisa mais tranquila de se escrever. Começo com a que eu vi primeiro, uma notícia de assalto seguido de assassinato.

Ficar escrevendo esse tipo de coisa me deixa bem pra baixo. É por isso que eu não gosto de ficar encarregada pela seção policial. Sinto uma vibração muito ruim. Sempre fico imaginando a família, os amigos, todo mundo que perdeu um parente ou amigo de repente num assalto ou num tiroteio.

O que me deixa ainda pior são as notícias de estupro. Vivo imaginando que pode acontecer comigo também e acabo com uma sensação péssima de sufocamento. Como se ler sobre isso fosse fazer com que eu passasse pela mesma experiência.

Pior que escrever, é pensar no quanto a vida é frágil.

Várias vezes pensei em me matar. Principalmente quando o Lucas fazia os seus joguinhos, quando ele fazia de tudo para que eu me sentisse um lixo. Pensar nessas coisas me causa uma dor imensa, me dá vontade de sair correndo. E o pior: me dá vergonha de mim mesma, pois eu sei que ele estava me manipulando, mas minha autoestima baixa não me deixava sair daquela.

Planejei me matar de várias formas, sempre preferindo mortes indolores. Li uma notícia dizendo que, na Holanda, legalizaram uma espécie de eutanásia para pessoas que estejam vivendo “uma dor insuportável”, e logo me lembrei da minha relação comigo mesma.

O papel de parede do meu computador é A noite estrelada, uma das últimas pinturas de Van Gogh. Pensar nele faz vir à minha mente as suas últimas palavras. Após dar um tiro no próprio peito, o pintor se arrastou até a pensão em que morava e, enquanto agonizava nos braços do irmão, ele disse: “a tristeza durará para sempre”.

E ela continua durando, Vincent.

E dói muito.

Quando termino de escrever a notícia, releio e vejo que não há nenhum erro gramatical visível. Copio, colo e publico no site junto com as fotos que Raquel me mandou por e-mail.

Puxo o segundo papel e é como um golpe no meu peito.

“Menina de 16 anos encontrada morta na Baixada” é o título sugerido. A notícia não revela o nome da menor, apenas que foi encontrada morta por tiro de arma de fogo, aparentemente dado por ela mesma, usando uma arma roubada de um familiar. Mas eu não posso dizer que ela se deu um tiro, apenas que ela foi baleada e encontrada numa área afastada da Baixada. Familiares disseram que a garota não aparentava nenhum problema nas últimas semanas, que ela parecia saudável e feliz.

Acontece que a autópsia revelou que ela estava grávida de quatro semanas. A polícia acredita que ela cometeu o ato por não saber como contar que estava grávida aos pais, muito religiosos e conservadores.

Os pais revelaram que não sabiam que a menina tinha um namoradinho, que mais tarde se revelou para a família e foi bem recebido. O rapaz também não sabia da gravidez, o que reforça a teoria da polícia.

Meu estômago embrulha. Confesso que sinto meu lanche voltar pela garganta. Mas resisto, engulo em seco e começo a escrever, tentando ser imparcial, tentando não colocar emoção no texto.

O ressentimento corre pelos meus dedos enquanto digito.

Tento cumprir a tarefa o mais rápido possível. Nem releio para ver se digitei algo errado. Só copio, colo e posto. Rápido para doer menos. Não quero ficar pensando nisso nem me imaginar no lugar da menina.

Assim que coloco a notícia no ar, eu me levanto. Raquel já vem vindo na minha direção trazendo mais papéis, mais notícias. Peço licença ao passar por ela, e minha chefe só faz que sim. Vou até o bebedouro e tomo um longo gole de água.

Respiro fundo, fico parada um tempo olhando para a parede branca com um quadro no qual está escrito uma mensagem de motivação. Tento imaginar uma praia bonita, montanhas, floresta.

Tento limpar a imagem da garota morta na minha cabeça, mas é inútil — já era tarde.