Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2011 Kathleen Beaver. Todos os direitos reservados.
QUEM SEDUZ QUEM?, N.º 1111 - Janeiro 2013.
Título original: How to seduce a Billionaire.
Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.
Publicado em português em 2013.
Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.
Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.
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I.S.B.N.: 978-84-687-2514-7
Editor responsável: Luis Pugni
Conversão ebook: MT Color & Diseño
www.mtcolor.es
Nota para mim mesmo: «Proibir as férias dos empregados», murmurou Brandon Duke ao ver que a sua caneca de café estava vazia. Mais um sinal de que a sua valiosa secretária, Kelly Meredith, continuava de férias. Estava fora há duas semanas; a seu ver, isso eram catorze dias a mais.
Não que Brandon não fosse capaz se servir um café, mas Kelly adiantava-se sempre, aparecendo na altura certa para voltar a encher-lhe a caneca com café quente. Era uma maravilha em todos os sentidos: os clientes adoravam-na, as folhas de cálculo não a assustavam, e tinha um dom para reconhecer o bom ou mau caráter das pessoas, bastava-lhe olhar para elas. Aquela qualidade valia ouro, e Brandon aproveitava-a bem, pedindo a Kelly que o acompanhasse às reuniões de negócios por todo o país.
A intuição de Brandon também era boa quando tinha de avaliar um possível sócio de negócios ou a motivação de um concorrente, mas Kelly era um grande apoio. Até os irmãos dele tinham adquirido o hábito de lhe pedir que colaborasse na contratação de empregados e na resolução de problemas de outros departamentos. Tudo funcionava melhor graças a ela.
Aproveitando a calma do escritório àquela hora da manhã, Brandon começou a escrever notas para a teleconferência que ia fazer com os seus irmãos mais tarde. O Mansion Silverado Trail, em Napa Valley, o novo centro de férias dos Duke e joia da coroa do seu império hoteleiro, estava prestes a inaugurar. Era hora de concentrar as suas energias nas novas propriedades e nos novos desafios.
Deu uma última vista de olhos à lista de opções para licitar pela anexação de uma pequena cadeia de hotéis de luxo na pitoresca costa do Oregon, depois consultou a sua agenda. Todas as horas do dia estavam ocupadas com reuniões, teleconferências e entregas, a maior parte delas relacionadas com a grande inauguração. Felizmente, Kelly regressava nesse dia. A sua substituta era competente, mas Kelly era a única capaz de gerir a miríade de tensões e conflitos que os futuros eventos implicavam.
Além disso, a mulher do seu irmão estava prestes a ter um bebé. Ia ser o primeiro neto. E essa é que ia ser uma grande festa. Brandon tinha de comprar alguma coisa e não fazia a menor ideia do que poderia ser. Confiava em Kelly para escolher o presente ideal, e até para embrulhá-lo.
Brandon ouviu barulho de papéis e de gavetas do outro lado da porta entreaberta.
– Bom dia, Brandon – cumprimentou uma voz alegre.
– Já não era sem tempo, Kelly – replicou ele com alívio. – Vem ver-me assim que puderes.
– Está bem. Mas antes vou fazer café.
Brandon olhou para o relógio. Tinha chegado quinze minutos antes da sua hora, outra prova de que era a empregada ideal.
– É bom estar de volta – murmurou Kelly, ligando o computador. Era difícil acreditar, mas tinha tido saudades de Brandon Duke. O som da sua voz grave provocava-lhe um arrepio que ela preferia atribuir à paixão que sentia pelo seu trabalho.
Deixou a mala numa gaveta da secretária e foi fazer café. Ao encher o jarro de água apercebeu-se de que tinha a mão a tremer e obrigou-se a relaxar. Não havia razão para se sentir nervosa.
Ainda que tivesse feito algumas mudanças no seu visual durante as férias, ninguém ia reparar. Reparavam no seu bom senso nos negócios e na sua atitude positiva, mas não iam notar que, em vez de um dos seus habituais tailleurs de calças, tinha um lindo vestido de malha cinzento escuro que acariciava as suas curvas com subtileza. Nem que tinha trocado os óculos dos últimos cinco anos por lentes de contato.
– Kelly – chamou Brandon do seu gabinete. – Traz a pasta do Dream Coast quando vieres, está bem?
– Vou já.
A voz familiar de Brandon Duke fê-la sorrir. Com o seu metro e noventa e três, devia ter-se sentido intimidada por ele desde o primeiro dia. Mais ainda porque sabia que, sob aqueles fatos de marca, tinha músculos rijos como pedras. Tinham coincidido no ginásio do hotel mais do que uma vez e já o vira de calções e t-shirt. Ver um ex-jogador profissional de futebol americano a levantar pesos era um espetáculo que a deixara sem respiração, mas ela convencera-se que tinha sido por se ter excedido no tapete de corrida.
Riu-se ao pensar em algumas das suas amigas, que seriam capazes de matar por ver o belo Brandon Duke de calções. Por sorte, Kelly nunca se tinha sentido atraída pelo seu chefe.
Era um homem espetacular, sem dúvida, mas para Kelly, o seu posto de trabalho era bem mais importante do que uma aventura breve e insignificante com um ex-desportista famoso. E uma aventura com Brandon Duke só podia ser assim. Tinha visto mulheres a fazerem fila para sair com ele e como eram eliminadas duas semanas depois, no máximo.
– Que raio se está a passar comigo? – sussurrou para si. Nunca tinha pensado no seu chefe naqueles termos, e não fazia intenção de começar agora. Abanou a cabeça, desagradada consigo própria.
Enquanto enchia a cafeteira, Kelly olhou pela janela, sentindo-se orgulhosa e sortuda por estar ali. Quem não gostaria de trabalhar no topo de uma colina, no coração de Napa Valley, com vista para os quilómetros de vinhas que se perdiam no horizonte?
Brandon e a sua equipa executiva estavam há quatro meses a trabalhar in situ no Mansion Silverado Trail. Ainda iam ficar ali cerca de um mês, até que o complexo estivesse aberto ao público e a vindima acabasse. Depois regressariam à sede central da Duke, em Dunsmuir Bay.
Nessa altura, Kelly teria completado o seu plano e a sua vida voltaria à normalidade. Entretanto, tinha de se lembrar de respirar e de relaxar.
– Estás a ouvir, Kelly? Descontrai – murmurou, alisando o vestido com as mãos. Depois, serviu duas chávenas de café. – Respira.
Deixou um café na sua secretária, apanhou o correio e abriu a porta do gabinete do seu chefe.
– Bom dia, Brandon – cumprimentou, deixando o correio sobre a mesa dele.
– Bom dia, Kelly – disse ele, enquanto escrevia num caderno. – Fico contente por te ter de volta.
– Obrigada, eu também fico contente por estar aqui – deixou a chávena sobre uma base. – Café.
– Obrigado – disse ele, absorto no que estava a escrever. Pouco depois, levou a mão à chávena e levantou o olhar. Os seus olhos abriram-se. – Kelly?
– Sim? – ela piscou os olhos. – Ah, desculpe. Queria a pasta do Dream Coast. Vou buscá-la.
– Kelly? – a sua voz soou tensa.
– Sim, Brandon?
Ele estava a olhar para ela com... incredulidade? Horror? Não era bom sinal. Quanto mais olhava, mais ela nervosa ficava.
– Ei, vá lá – disse. – Não tenho um aspeto assim tão horrível como para lhe fazer emudecer – tocou a gola do vestido, corando.
– Mas, o que é que fizeste com...? – a sua voz apagou-se, mas continuou a observar o seu rosto.
– Ah, está a dizer isso por causa das lentes de contato? Sim. Estava na hora de mudar. Vou buscar a pasta.
– Kelly – soou exigente.
Ela virou-se e viu que ele estava a olhar para o seu cabelo. Suspirou e afastou uma madeixa da face.
– Aclarei-o e deram-lhe forma. Nada importante – saiu a correr para ir buscar a pasta.
A julgar pela reação de Brandon, as pessoas iam olhar para ela como se fosse uma alienígena. Assim não ia ser fácil relaxar, respirar e executar o seu plano.
Estava à procura da pasta no arquivo quando ouviu o som das rodas da cadeira de Brandon. Segundos depois, ele estava na porta. Continuava a olhar para ela.
– Kelly? – repetiu.
– Por que não faz outra coisa senão repetir o meu nome? – Kelly levantou a cabeça.
– Para confirmar que és tu.
– Sou eu, de modo que já chega – disse. – Ah, aqui está a pasta, finalmente.
– O que é que fizeste?
– Já perguntou isso.
– E continuo à espera de uma resposta.
Ela deixou cair os ombros por um segundo, mas depois endireitou-se. Não havia razão para se envergonhar, e muito menos perante Brandon, que sempre tinha elogiado a sua capacidade de trabalho e de resolução de problemas.
– Fiz só uma pequena mudança de visual.
– Pequena?
– Sim. Perdi uns quilos, cortei o cabelo e pus lentes de contato. Nada importante.
– Eu cá diria que sim. Nem pareces tu.
– Claro que pareço eu – Kelly não ia mencionar a semana que passara num luxuoso estabelecimento termal, nem as aulas privadas de etiqueta e dicção.
– Mas estás com um vestido – acusou ele. Kelly olhou-se e depois levantou o olhar
– Sim, é verdade. Isso é um problema?
– Não. Céus, não – incomodado, deu um passo para trás. – Não é problema nenhum. Fica-te muito bem. É só que... tu não costumas usar vestidos.
– Agora sim – Kelly ficou surpreendida por que ela tivesse reparado. Esboçou um sorriso decidido.
– Estou a ver – hesitante, perscrutou o seu rosto. – Bem, como já disse, estás muito bem.
– Obrigada. Sinto-me muito bem.
– Sim. Isso é ótimo – assentiu, cerrou os dentes e expirou com força.
Kelly perguntou-se por que continuaria ele a franzir o sobrolho se estava tudo tão bem.
– Ah! – disse, sentindo-se ridícula. Ofereceu-lhe a pasta. – Aqui está o relatório do Dream Coast. As suas mãos se roçaram por um segundo e ela sentiu uma espécie de cócegas a percorrer-lhe o braço.
– Obrigado – o sobrolho de Brandon acentuou-se.
– De nada.
– É bom ter-te de volta – disse Brandon.
– Obrigada – Kelly propôs-se contar os bons e ótimos mais tarde. – Devo ter os números das vendas mensais calculados daqui a vinte minutos.
Ele fechou a porta e ela afundou-se na sua cadeira. Levantou a caneca de café e deu um longo gole.
Brandon deixou a pasta do Dream Coast na secretária e continuou a andar até uma das paredes, envidraçada do chão até ao teto. A sua equipa e ele estavam a ocupar a suite do proprietário, no último andar do Mansion Silverado Trail, e não se cansava das vistas. Quando contemplava as suaves colinas de vinhas chardonnay orgulhava-se do sucesso familiar.
Tinha captado um leve aroma a flores e especiarias no ar. Não estava habituado a que a sua secretária usasse perfume, ou nunca tinha notado, mas o cheiro levou-o a imaginar um fresco quarto de hotel e uma loira ardente. Nua. Entre os lençóis. Por baixo dele.
Kelly. Ainda podia cheirá-la. Praguejou baixinho.
Tinha feito figura de parvo a olhar para ela de boca aberta, como se ela fosse um bife suculento e ele um cãozinho esfomeado. Tinha ficado mudo. E depois tinha-se repetido como um papagaio. Mas a culpa era dela. Tinha conseguido desconcertá-lo, e isso nunca acontecia a Brandon Duke.
Abanou a cabeça. Kelly não precisava de nenhuma mudança de visual. Estava muito bem como era: profissional, inteligente, discreta. Nunca era uma distração.
Brandon não gostava de distrações no seu lugar de trabalho. No escritório dedicava-se apenas aos negócios. Depois de dez anos a ser uma estrela do futebol americano, sabia que as distrações podiam arruinar o jogo. Desviar o olhar da bola por um segundo podia significar acabar enterrado sob um monte de homenzarrões enormes e rudes.
Brandon apoiou uma mão no vidro. Quem diria que a sua eficiente secretária ocultava curvas impressionantes e umas pernas de primeira categoria sob os seus habituais tailleurs de calças? E que os seus olhos eram tão grandes e azuis que qualquer homem podia perder-se neles?
Mas mais inquietante ainda era o novo batom. Tinha de ser novo, ou ele teria reparado antes naqueles lábios carnudos e naquela boca tão sexy. Quase tinha derramado o café enquanto os observava.
E o vestido colava-se a cada curva do seu corpo luxuriante. Curvas cuja existência desconhecia. Ainda que a visse no ginásio do hotel com frequência, estava sempre com calças de fato de treino e t-shirts enormes. Impossível adivinhar que escondia um corpo como aquele sob as peças suadas. Tinha estado a enganá-lo de propósito.
– Não sejas ridículo – murmurou. Mas a verdade era que a sua discreta e trabalhadora secretária era um monumento. E isso parecia-lhe uma traição.
Minutos antes, quando as suas mãos se tinham roçado, tinha sentido uma espécie de corrente elétrica. A lembrança da sensação de pele contra pele excitou-o.
– Mudar é bom – concluiu com sarcasmo, voltando para a sua secretária. Não. Mudar não era bom. Estava habituado a que Kelly tivesse o cabelo de uma cor neutra, preso num rabo de cavalo ou numa trança. E agora tinha-se transformado numa cascata cor de mel que caía pelos seus ombros e costas. Qualquer homem desejaria afundar as mãos naquele cabelo enquanto saboreava os seus lábios luxuriantes. A sua excitação disparou-se.
Tentou controlá-la abrindo a pasta e procurando o documento que precisava. Sem sucesso.
– Isto é inaceitável – farfulhou, incomodado.
Recusava-se a perder a sensação de decoro e ordem que sempre imperara no escritório. O trabalho era demasiado exigente, e Kelly era um membro demasiado importante da equipa para permitir que se transformasse numa distração. Ou, melhor, numa atração.
Melhor pôr uma pedra sobre esse assunto de imediato. Carregou no botão do intercomunicador.
– Kelly, por favor, vem aqui.
– Vou já – respondeu ela. Sete segundos depois, estava a entrar no gabinete com um caderno.
– Senta-te – disse ele, levantando-se e passeando, para evitar olhar para as pernas dela. Não confiava em si mesmo. – Temos que falar.
– O que se passa? – perguntou ela, alarmada.
– Sempre fomos sinceros um com o outro, não é verdade?
– Sim – admitiu ela.
– Confio plenamente em ti, como bem sabes.
– Sei. E eu sinto o mesmo, Brandon.
– Muito bem – disse ele, sem saber como continuar. – Muito bem.
Nunca antes tinha ficado sem palavras. Olhou para ela e teve que desviar o olhar. Quando tinha ficado tão bonita? Conhecia as mulheres, amava as mulheres. E elas amavam-no a ele. Como nunca tinha reparado que Kelly era tão atraente? Estaria cego?
– Brandon, está desconte com o meu trabalho?
– O quê? Não.
– A Jane trabalhou bem na minha ausência?
– Sim, trabalhou bem. Esse não é o problema.
– Bem, porque odiaria ter...
– Olha, Kelly – interrompeu ele, cansado de jogar ao gato e ao rato. – Aconteceu alguma coisa enquanto estava de férias?
– Não – surpreendeu-se ela, – por que acha que...?
– Então, qual o motivo dessa mudança de visual? – disparou ele. – Porque é que a fizeste? Por que achas que tens que aperaltar-te para...?
– Aperaltar-me?
– Bom, sim. Tu sabes, maquilhar-te e... raios.
– É mau que tente melhorar o meu aspeto?
– Não disse isso.
– Exagerei? A mulher da sala de maquilhagem ensinou-me a pintar-me, mas sou nova nisto. Ainda estou a praticar – levantou o rosto e os seus lábios brilharam ao captar a luz. – Diga-me a verdade. A maquilhagem está muito exagerada?
– Céus, não, está muito bem – o problema era que estava demasiado bem, mas não o disse.
– Agora está a ser amável, mas eu não acredito. A sua forma de olhar para mim hoje de manhã quando entrei...
– O quê? Não – «Ai, senhor», pensou. Ela parecia prestes a chorar. Nunca tinha chorado antes.
– Pensei que seria capaz. Outras mulheres são, por que não eu? – levantou-se e começou a andar pelo gabinete. – Achei que tinha sido subtil. Pareço uma tola?
– Não, em...
– Pode ser sincero.
– Estou a ser...
– A ideia foi uma loucura desde o início – murmurou ela, apoiando as costas na parede. – Posso fazer operações matemáticas complicadas de cabeça, mas não sei nada de sedução.
Sedução?
– Isto é muito embaraçoso – gemeu ela.
– Não, não – disse ele, esperando lembrar-se de alguma coisa profunda para dizer. Não se lembrou.
– O que vou fazer agora? Só me resta uma semana para..., ai – tapou os olhos por um momento e depois olhou para o teto. A seguir cruzou os braços sobre o peito e bateu no chão com a ponta dos seus reluzentes sapatos de salto alto. – Como pude ser tão estúpida?
– Não digas isso – aproximou-se e pôs-lhe as mãos sobre os ombros. – És uma das pessoas mais espertas que conheço.
– Talvez nos negócios, mas não no amor – olhou para ele fazendo uma careta.
Sem dúvida, ela tinha a sedução e o romance em mente. Porquê? Em todos aqueles anos, desde que a conhecia, Brandon nunca a tinha ouvido falar dos seus romances. Mas, de repente, mudava de aspeto para atrair um homem. Quem estaria a pensar seduzir? Será que ele o conhecia? Seria suficientemente bom para ela? Brandon formulou cuidadosamente a sua pergunta.
– Quem estás a tentar seduzir?
– O Roger. O meu ex-namorado – franziu a testa e examinou as unhas. – Devia ter percebido que não ia funcionar.
lingerie
– Qual prefere? O fio dental preto ou as cuequinhas vermelhas?