Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2011 Jennie Adams

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

De ama a esposa, n.º 1284 - Agosto 2016

Título original: Daycare Mom to Wife

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2011

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-8547-9

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

– Depois de irmos ver os patos, continuaremos a bater às portas da vizinhança, Ella. Sei que preferias estar em casa a gatinhar entre os móveis, mas foi o que te calhou esta manhã – disse Jessica Baker à sua filha, enquanto empurrava o carrinho pela erva e percorria o parque de Randurra com o olhar.

Não era que Ella pudesse compreendê-la, mas Jess sentia-se melhor a falar em voz alta e servia-lhe para recordar que tinha um plano.

Um pouco mais adiante, as crianças brincavam junto do lago com patos. Um homem alto e de cabelo escuro observava-as enquanto falava ao telemóvel.

A vida continuava, embora houvesse gente que tentasse não recear nada. Jess não queria sentir-se receosa. Era mãe solteira e tinha de sustentar a sua filha. Não podia permitir-se ter medo.

«Tal como também não podes permitir-te pagar a dívida enorme atrasada que tens da casa.»

E tudo graças ao pai de Ella e ao acordo com o qual tinha comprado uma casinha a Jess em troca de Jess e Ella saírem da vida dele para sempre.

Jess endireitou as costas e tirou uma mão do carrinho para alisar o top que usava sob uma blusa preta e cor de laranja.

– Ficaremos bem, Ella. Resolveremos isto de algum modo.

– Quá-quá – disse a menina.

– Sim, vamos ver os patos. Merece-lo por te teres portado tão bem esta manhã.

Jess olhou para as crianças. Dois adolescentes lutavam a brincar sobre a erva. Uma menina de uns dez anos agarrava pela mão outra mais pequena, para que não se aproximasse da água. E uma terceira sentara-se no chão e estava a arrancar ervas. Para dar aos patos?

– Vamos oferecer-lhes o nosso pão, Ella – Jess estava habituada a crianças. Cuidava diariamente de cinco para ganhar a vida. E dantes cuidava de mais quatro, mas a família saíra de Randurra no início de Dezembro.

Jess estivera à procura de mais trabalho desde então. Era uma ama qualificada. Naquela manhã, quando a sua situação económica passara de bastante delicada a grave, graças à notícia de que a casa tinha mensalidades atrasadas, Jess dedicara todos os seus esforços a encontrar trabalho.

Tinha batido a muitas portas a pedir trabalho. Não era necessário que o trabalho fosse a cuidar de crianças, desde que pudesse ter Ella com ela.

«Calma, Jessica.»

Jess e Ella estavam a chegar perto dos patos. O homem olhava para as crianças de uma maneira que deixava claro que era o pai.

Jess sentiu que lhe disparava o coração quando o homem virou a cabeça e viu como era atraente. Aparentava trinta e seis ou trinta e sete anos. Era alto, tinha a pele bronzeada, o queixo proeminente e o cabelo castanho ondulado que lhe chegava até à gola do pólo branco que usava. Usava calças de ganga e sapatos abotinados. Era um dia quente, mas não fazia tanto calor como fizera logo a seguir ao Natal. Jess queria ver-lhe os olhos.

Não, não queria. Com todos aqueles filhos devia ser casado. Além disso, Jess não andava à procura de um homem. Depois de a sua relação com Peter fracassar, não queria ter outra.

– Não. Tu és um cliente muito importante e as tuas finanças estiveram ao meu cuidado durante muito tempo. Quero ser eu a fazer esse trabalho – o homem falava com tom calmo ao telefone.

Mas Jess reparou que parecia stressado e ouviu que pedia mais um pouco de tempo para pôr as coisas no lugar antes de terminar a chamada. Naquele momento, parecia que se sentia como Jess se tinha sentido naquela manhã, quando descobrira que, se não pagasse todas as mensalidades da casa em menos de trinta dias, a poriam à venda.

O homem parecia desconcertado. Como se estivesse a perguntar-se como conseguiria resolver o que se passava. E o que se passaria?

– Posso ajudá-lo? – perguntou Jess, sem pensar. – Ouvi-o a falar ao telefone e parecia... – não quis dizer que parecia assustado. – Sou daqui. Precisa de alguma informação sobre algum serviço ou alguma coisa?

– Hum... Olá! Obrigado – olhou-a com os seus olhos cor de avelã e, depois, reparou em Ella, que estava no carrinho.

Tinha uns olhos lindos. Uns olhos que mostravam a sua idade e a sua maturidade, e que fizeram com que Jess contivesse a respiração.

Jess tinha vinte e dois anos e era muito mais jovem do que ele. Ella nunca reparara tanto num homem daquela idade. Não compreendia porque tinha reagido assim.

– É muito amável. Acabámos de nos mudar para cá e ainda não domino Randurra – estendeu-lhe a mão. – Sou Dan Frazier.

– Jess Baker. Jessica, na verdade, mas gosto mais de Jess. Vim viver para cá há catorze meses – mesmo a tempo de se instalar na casinha antes de dar à luz. – Portanto, já sei praticamente tudo o que há para saber sobre a vila.

Tentou não gaguejar, mas parecia-lhe tão agradável a sensação dos dedos de Dan à volta da sua mão... Respirou fundo e retirou a mão, aproximando-a do seu cabelo para confirmar se o laço verde que usava estava no sítio. Dan Frazier pensaria que era uma cabeça de vento ao ver aquele laço? Não era. Vestira-se assim para se sentir segura e mostrar-se decidida.

Naquele dia, tivera uma decepção, mas não tinha permitido que isso a detivesse. Vestira roupa colorida e dirigira-se para a Câmara Municipal, para tentar falar de forma calma com Lang Fielder, o homem que lhe dera a notícia. Não lhe tinha servido de nada, mas isso não a pararia!

E, depois, tinha batido à porta de metade das casas de Randurra, à procura de trabalho. E ainda faltava a outra metade.

– Papá! – ouviu-se a voz de uma menina. – Rob e Luke vão cair à água.

– Não – ouviu-se outra voz. – Só estamos a brincar, Daisy.

– Já chega! Não sabem que nesse lago haverá, pelo menos, cinquenta mil tipos diferentes de germes? – a menina que se chamava Daisy subiu os óculos e olhou-os com desaprovação.

Jess conteve um sorriso.

– Se calhar, poderia indicar-me onde ficam os infantários de Randurra, se é que existe algum que consiga ocupar-se de uma família como esta – Dan acariciou a cabeça da mais pequena, que tinha vindo abraçar-se à sua perna. Olhou para Jess outra vez e guardou o telemóvel no bolso do seu pólo. – Pensei que teria tempo para ver vários infantários. Só esperava precisar de os deixar lá de vez em quando, mas, aparentemente, a vida tranquila da família Frazier transformou-se num redemoinho.

– Se calhar, posso ajudar. Do que precisa exactamente?

– Oh, não preciso de grande coisa! – soltou uma gargalhada. – Só de uma espécie de Mary Poppins, que apareça com o seu guarda-chuva e se ofereça para cuidar dos meus filhos enquanto eu for a Sidney várias vezes durante as próximas semanas, sabendo que estarão bem com ela quando não passa de uma desconhecida, e eu não gosto de os deixar com ninguém – franziu o sobrolho. – A minha irmã costumava cuidar deles quando eu tinha de trabalhar longe de casa. Depois, eu consegui prescindir do seu apoio e, agora, ela tem de se concentrar na sua própria vida.

Portanto, a mãe não estava em lado nenhum? Dan era viúvo? Jess ficou atónita ao pensar que Dan tinha de criar os cinco filhos sozinho. Peter nem sequer estivera preparado para cuidar de Ella a tempo parcial.

Mas continuava a chamar-lhe a atenção que Dan não tivesse uma companheira.

«Tem quase o dobro da tua idade, Jess!»

– Portanto, quando se mudou para aqui não precisava de ama e, de repente, alguma coisa mudou? Tem a ver com o trabalho?

– Um dos meus clientes tem de ter uma auditoria de venda e os possíveis compradores querem que se faça o quanto antes. Eu sou o contabilista da empresa e tenho de estar presente para ajudar a responder a todas as perguntas e para dar toda a informação de que precisem. É um cliente importante e não posso permitir-me dizer-lhe que não posso ajudar – olhou-a nos olhos. – Mudei-me para aqui com as crianças para sair de Sidney e viver numa casa maior que fosse nossa. Esperei não ter de pensar no trabalho durante todo o mês de Janeiro.

– Não pode culpar-se pelos imprevistos – tocou-lhe brevemente no braço.

Dan tinha a pele quente e viril. Jess tremeu ao sentir que Dan ficava com os músculos tensos, talvez surpreendido pelo contacto. Durante um instante, os seus olhares encontraram-se.

Jess não esperava sentir tanta ligação. Acabavam de se conhecer. Ele era muito mais velho. E depois de como tinha sofrido com Peter, não queria ter outra relação. Retirou a mão.

Junto do lago, os filhos de Frazier olhavam-nos atentamente.

– O papá está a falar com uma rapariga – disse um ao outro.

– Estão praticamente a dar a mão. Não se aproximou de uma rapariga desde que a mamã morreu.

– Cala-te, Rob. Cala-te, Mary – disse a criança mais velha. – Seja quem for, o papá não está interessado – a menina fulminou Jess com o olhar e virou-se.

Jess sentiu que a tinham posto no seu lugar. Era muito mais jovem do que Dan e, além disso, porque haveria de estar interessado nela?

«Não queres que se interesse por ti, Jess.»

Dan teria ouvido o que tinham dito? Há quanto tempo teria perdido a esposa? Teria ela interpretado mal a reacção dele quando lhe tocara?

– Peço desculpa. Estão um pouco nervosos pela mudança – disse Dan.

Portanto, tinha ouvido. Pelo menos em parte.

– Não é preciso que te desculpes. Dan, sei que acabámos de nos conhecer e que não cheguei a voar com um guarda-chuva como a Mary Poppins. De facto, o meu guarda-chuva é preto com bolas cor-de-rosa e está torto porque um dia o esmaguei com a cadeirinha do carro – suspirou. – Mas sou uma ama qualificada. Normalmente, trabalho com crianças mais pequenas, mas também estou qualificada para cuidar de crianças em idade escolar. Não há nenhum sítio oficial em Randurra que ofereça cuidados infantis. Há outras duas mulheres mais velhas do que eu que têm filhos e que ficaram sem emprego ao diminuir o negócio da carne na vila. Elas não cuidam de crianças profissionalmente, mas são muito boas mulheres. Eu estou à procura de trabalho, mas vi que elas também colocaram anúncios no supermercado para cuidarem de crianças e limparem casas. Portanto, tens por onde escolher. Eu também posso ajudar nas tarefas domésticas.

– Se tiveres experiência com crianças... Quer dizer que estás disponível?

Ao ver que Dan pousava o olhar nos seus lábios, forçou um sorriso. Provavelmente, pensaria que era demasiado jovem para o trabalho.

– Do que precisas exactamente para os teus filhos, Dan?

Ele desviou o olhar dos seus lábios e franziu o sobrolho.

Dan Frazier sentia-se ligeiramente atraído por ela. E a julgar pela sua expressão, não queria sentir-se.

Pois, estavam na mesma situação.

– Preciso de alguém que cuide dos meus filhos cinco dias por semana, durante as próximas três ou seis semanas. Ajudaria muito se essa pessoa também pudesse ocupar-se das refeições, da roupa e de outras tarefas domésticas básicas – Dan respirou fundo. – O trabalho que tenho de fazer vai implicar muitas horas fora de casa. E também terei de ir a Sidney, talvez três dias por semana, até que o conclua.

Trabalhando cinco dias por semana para Dan Frazier, durante três ou seis semanas, Jess poderia ganhar algum dinheiro para pagar as mensalidades. Não seria capaz de pagar toda a dívida, mas, se calhar, serviria para convencer o senhor Fielder de que era capaz de ganhar dinheiro suficiente para cobrir parte das mensalidades.

Se as pagasse regularmente durante algum tempo, teriam de lhe dar mais tempo para saldar a dívida. O pai de Ella não deveria ter agido nas costas de Jess, mas era uma atitude típica de Peter Rosche.

– Eu gostaria de te ajudar – Jess agarrou o carrinho com força. – Cuido de outras crianças às terças-feiras e aos sábados, mas estou disposta a ir à tua casa nos outros dias, se te parecer bem. Ella viria comigo e tenho referências.

A sua filha começou a mexer-se no carrinho.

– Quá-quá!

Jess inclinou-se para a frente para tirar a sua filha do carrinho.

– Sim, querida, já vamos ver os patos.

Dan observou Jess enquanto abraçava Ella. Depois, olhou para os seus filhos, pegou no mais pequeno ao colo e dirigiu-se para o lago.

– Poderia prescindir de ti às terças-feiras e aos sábados – Dan disse-lhe quanto podia pagar-lhe por dia. Era uma quantia generosa, inclusive quando acrescentou: – Por esta quantia terás de ficar em minha casa até que eu chegue. Em algumas noites será tarde, mas a tua filha e tu terão todas as refeições incluídas.

– Parece-me razoável. Não me importo de esperar até que chegues – era uma boa maneira de poupar dinheiro em comida e poderia regressar a casa de carro a qualquer hora.

– Vem conhecer os meus filhos. Será um bom começo... E, já agora, obrigado. Obrigado por te aproximares para me perguntar se precisava de ajuda.

– De nada, é agradável ajudar os outros – Jess beijou Ella na cabeça para disfarçar o seu nervosismo. Dan ainda não lhe dissera se ia contratá-la.

Mas, se calhar, fá-lo-ia. Se calhar, Jess poderia ajudar Dan e pagar a sua dívida com aquele dinheiro.

Talvez pudesse deixar de se preocupar e ter dinheiro suficiente para acalmar as feras, enquanto procurava o pai de Ella para que se responsabilizasse por lhe ter montado aquela armadilha.

Jess tinha tentado localizar Peter quando Ella nascera. Mas já tinha desaparecido.

Jess levantou o queixo. A única coisa que podia fazer era tentar resolver as coisas e estava disposta a fazer o possível para isso.

– Muito bem, Dan. Apresenta-me os teus filhos!