Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2010 Anne Oliver

© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.

Sementes de desejo, n.º 1237 - Março 2015

Título original: When He Was Bad…

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-6436-8

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Catorze

Capítulo Quinze

Epílogo

Se gostou deste livro…

 

 

Capítulo Um

 

– Imagina-o nu.

Ellie Rose mal ouviu a sua amiga com a música do bar, mas a insinuação e a pessoa a quem se referia eram inconfundíveis. A menos de cinco metros elevava-se um metro e oitenta e tal de pura masculinidade. Estava de costas para Ellie, mas a sua altura, o seu cabelo preto e o seu delicioso traseiro faziam com que ele se destacasse de entre a multidão que dançava sob as luzes de néon.

Ellie sempre tinha tido um fraquinho por traseiros duros e bem moldados.

A multidão fechou-se à volta dele e Ellie praguejou contra o seu metro e sessenta de altura. Mas de forma alguma ia admitir que o estava a comer com os olhos, tal como acabava de sugerir a sua amiga. Não conhecia Sasha há muito tempo, mas pelo que sabia dela não lhe parecia uma mulher que esperasse que os homens fossem seduzi-la. Era ela que ia atrás deles.

– Quem? – perguntou com uma ignorância fingida.

Sasha levantou num brinde a sua garrafa de spritzer e ergueu a voz para fazer-se ouvir.

– Sabes muito bem a quem me refiro. Aquele tipo ali, o que está com a rapariga alta com calças de couro. Imagina-o nu, ou ainda melhor… imagina-te a ti nua com ele.

Demasiado fácil imaginá-lo. Os dois nus entre lençóis de cetim roxos… salvo pela deslumbrante morena que se empenhava em destruir a fantasia ao agarrar-se a ele para beijá-lo. Engoliu em seco, incómoda, e dirigiu-se a Sasha com um tom cortante.

– Não viemos cá para engatar. Só aqui estamos para desfrutar da música.

– Fala por ti – replicou Sasha, levando a garrafa aos lábios. – Se queres ouvir música vai a um musical. Oh, oh… acho que está a olhar para nós… ou melhor, acho que está a olhar para ti – pôs-lhe a mão nas costas e empurrou-a suavemente. – Anda, esta pode ser a tua noite de sorte – aproximou-se para falar-lhe ao ouvido. – Pergunta-lhe se tem algum amigo.

As pernas de Ellie começaram a tremer. Não queria que fosse a sua noite de sorte, pois não? Não, não queria. Pelo menos não com um homem que podia fazer-lhe desejar tudo o que não podia ter com alguém como ele. Aquele tipo tinha a palavra «mulherengo» escrita na testa.

Vestia umas calças pretas e uma camisa branca com o colarinho aberto. O seu cabelo era escuro, curto e ligeiramente em ponta, como se acabasse de abandonar a cama da sua amante. O relógio de platina que ostentava no pulso fazia pensar numa grande fortuna.

As luzes pareciam brilhar ao ritmo dos seus batimentos enquanto ele se aproximava. Parou à sua altura e cravou-lhe o magnético olhar dos seus olhos escuros.

– Olá. Posso pagar-te um copo?

A sua voz inundou-a como uma capa de chocolate derretido. Levantou a sua garrafa, praticamente vazia.

– Já tenho um, obrigada, e estou com uma amiga… – então viu Sasha a abanar as ancas na pista de dança. Maldita traidora!

– Parece que a tua amiga sabe divertir-se – afirmou ele, seguindo brevemente o olhar de Ellie antes de voltar o olhar para ela. – Nunca te tinha visto antes por aqui.

– É a primeira vez que venho. Não costumo frequentar este tipo de sítios – Sasha tinha-a arrastado contra a sua vontade, alegando que necessitava de mais diversão na sua vida.

– Vamos mudar isso… – agarrou-a pela mão. – Dança comigo.

Um formigueiro percorreu-lhe o braço e concentrou-se no ventre. A mão daquele homem era forte, firme e quente, como sem dúvida seria o resto do seu corpo. Recordou a fantasia dos lençóis… e a morena que ele tinha estado a beijar minutos antes.

– E a tua amiga? – perguntou-lhe secamente. Retirou a mão e esfregou a palma contra o curto vestido preto para aliviar o formigueiro.

Erro crasso. Ao perguntar-lhe pela sua acompanhante demonstrava-lhe que tinha estado a observá-lo. E pela sua forma de sorrir devia intuir também o que tinha estado a pensar…

– A Yasmine é uma colega – esclareceu ele sem perder o sorriso. – Há muito que não a via. Tenho estado a trabalhar em Sydney.

Ellie deu uma vista de olhos fugaz atrás dele e viu uma loura com um top branco que o comia com os olhos, mas nem rasto de Yasmine. Ou quiçá nem sequer se chamasse Yasmine e tinha-o rejeitado. Não o conhecia. Poderia estar a mentir-lhe, à procura de uma aventura fácil de uma noite. Como todos os que abarrotavam aquele sítio, ao fim e ao cabo.

Todos menos ela.

O seu corpo ansiava refutar aquela afirmação, mas conseguiu reter as hormonas descontroladas e adotar um tom frio e neutral.

– És de Melbourne?

Ele assentiu.

– Trabalho em muitos projetos e viajo com frequência de uma cidade para outra. Chamo-me Matt, por certo.

Só lhe dizia o nome, não o apelido… obviamente não queria mais que uma relação passageira. Perfeito. As relações estáveis e os compromissos terminavam sempre mal, pelo menos para ela. Levou a garrafa aos lábios e ingeriu o resto da bebida para aliviar o ardor da garganta.

– Eu chamo-me Ellie.

– E então, Ellie? Dançamos?

A música mudou para uma canção lenta de amor e Ellie sentiu um estremecimento a percorrê-la.

Uma canção para dançarem bem juntos…

O suor empapou-lhe os peitos e o lábio e puxou pela gola do vestido para arejar. Não lhe serviu de nada.

– Preferiria não dançar, se não te importas… isto está muito cheio e…

– Saímos, então? – sugeriu ele. – Vai saber bem um pouco de ar fresco.

 

 

Muito melhor assim, pensou Matt enquanto a levava em direção à saída com uma mão ligeiramente pousada nas suas costas. O calor que desprendia o tecido propagava-se pela sua pele como uma corrente de excitação.

De repente, ela parou e virou-se para encará-lo como um coelhinho paralisado pelos faróis de um carro. Matt temeu que ela fosse mudar de opinião e preparou-se para convencê-la, mas felizmente ela limitou-se a apontar para o bengaleiro.

– Vou… vou buscar o meu casaco. Aqui está calor, mas lá fora está frio.

Matt viu-a a afastar-se em direção ao balcão. Naquela noite não tinha ido à procura de uma mulher; só pretendia afastar-se um pouco do stress do trabalho. Mas aquela bonita mulher com o cabelo curto e liso tinha-o cativado mal ele a tinha visto. Quiçá porque não se parecesse em nada às mulheres com quem ele saía normalmente.

Matt gostava de mulheres que fossem como as construções multimilionárias que ele desenhava: altas, elegantes, de linhas depuradas e estilosas. Aquela rapariga era baixinha e delicada, embora com umas curvas muito sugestivas. Recordava-lhe o algodão-doce… saboroso, ligeiro e frágil.

Observou como entregava o bilhete à empregada do bengaleiro e desceu o olhar para os seus torneados gémeos. A bainha do vestido subiu pelas coxas ao inclinar-se sobre o balcão para agarrar no seu casaco.

Ellie virou-se e olhou para ele com olhos grandes e receosos. Afastou o olhar, mas imediatamente voltou o olhar para ele enquanto mordia o lábio, e Matt voltou a temer que ela fugisse.

Antecipando-se àquela possibilidade, foi rapidamente ao seu encontro e agarrou-a pelo cotovelo.

– Está tudo bem?

– Porque é que perguntas?

– Parecias um pouco nervosa.

– Ah, sim? – soltou algo parecido a uma riso estrepitoso enquanto o acompanhava até à saída.

Quando saíram, foram recebidos por um sopro de ar gelado carregado com o fumo do tabaco. Os candeeiros projetavam charcos de cor sobre as mesas de alumínio e os transbordantes cinzeiros. As pessoas formavam grupos à volta dos altos caloríficos de gás, fumando, bebendo e rindo enquanto os casais ocupavam os lugares mais escuros ao longo do perímetro cercado.

– Assim está melhor – disse Matt, tirando-lhe o casaco das mãos para colocar-lho sobre os ombros. Era uma peça preta com bordados nos bolsos. O cabelo, cortado à altura do queixo, acariciou-lhe suavemente os dedos e uma fragrância muito particular fez-lhe comichão no nariz. Não era bem um perfume, mas mais um picante cheiro a framboesas. – Agora podemos falar sem risco para as nossas cordas vocais – os seus olhos intrigavam-no de uma forma muito tentadora, porque sob a sua serena fachada intuía-se uma paixão selvagem. – Diz-me lá, Ellie, se não frequentas bares, o que é que fazes para te divertires num sábado à noite?

– Leio. Sobretudo ficção científica e romances fantásticos – agasalhou-se ainda mais por baixo do seu casaco. – Eu sei que parece patético e aborrecido comparado com o teu estilo de vida, mas… – apontou para o céu cheio de estrelas. – Nunca te perguntaste o que é que pode haver ali em cima?

– Claro que sim – Matt levantou a vista, não para o céu noturno, mas para a também tentadora e esbelta coluna que era o seu pescoço. – Mas de momento dou-me por satisfeito com o que tenho aqui em baixo, mesmo à minha frente.

– Oh…

Matt pestanejou com estranheza. Oh? Isso era tudo o que lhe ocorria dizer? Qualquer outra mulher lhe teria respondido com um sorriso, um risinho tonto ou batendo as pestanas para insinuar que lhe seguia o jogo.

Mas Ellie não. E, no entanto, era inconfundível o brilho que se antevia nos seus olhos.

– O que é que tens estado a fazer em Sydney? – perguntou-lhe ela.

– Neste momento estou a trabalhar num projeto residencial junto ao porto. E tu? O que é que fazes?

– Um pouco disto e daquilo… gosto de andar de um lado para o outro e trabalhar em coisas variadas.

– Então gostas de viajar… já estiveste no estrangeiro?

– Temo bem que as minhas viagens não sejam assim tão interessantes… – confessou, rindo-se. – Mas sim, conheço todas as localidades entre Sydney e Adelaide. Não gosto de estar atada a nenhum sítio – voltou a rir-se, embora o seu riso soasse áspero e amargo. – Chama-me irresponsável, se quiseres.

– Mas suponho que nalgum momento quererás instalar-te num sítio e formar uma família…

– Eu não. Sou um espírito livre. Vou para onde quero e quando quero, e gosto das coisas assim.

Matt não tinha assim tanta certeza, vendo a mistura de emoções que se refletiam no seu rosto.

– Se quiser, posso comer uma tarte de queijo inteira. Isso para mim é a liberdade – sorriu e nessa ocasião os seus olhos brilharam com uma malandrice que enfeitiçou Matt por completo.

– Suponho… – corroborou ele com outro sorriso. – Um espírito livre, hã? – sentiu um forte formigueiro nos lábios perante a possibilidade de saborear os seus, carnosos e suculentos. Quase podia sentir na face o doce calor da sua respiração. – Quero beijar-te, Ellie… quero fazê-lo desde que te vi – e muito mais, mas ainda não era o momento de expressá-lo.

Ela pôs a cabeça para trás, olhou para ele fixamente e a tensão sexual desvaneceu-se numa baforada de ar gelado. A língua de Ellie assomou fugazmente para lamber os lábios e voltou a desaparecer por trás de uma linha fina e apertada.

O corpo de Matt protestou dolorosamente. Não estava acostumado a que as mulheres o recusassem. Ou talvez tivesse acertado nas suas suposições e ela não fosse um espírito tão livre como queria fazer pensar.

– Há mais alguém?

– Não.

– Então…?

Um copo fez-se em fanicos contra o chão a pouca distância deles, mas os olhos de Ellie permaneceram fixados nos seus. A sua expressão convidava a avançar, mas a sua atitude travava-o. O vento soprava ao longo do alto muro de tijolos, agitando as folhas secas aos seus pés e revolvendo-lhe os cabelos a Ellie, tão brilhantes como a lua cheia.

– Então… fá-lo.

A inesperada e ofegante ordem disparou a libido de Matt. Cobriu a escassa distância que os separava e viu a mistura de dúvida e excitação que ardia nos seus olhos, antes de os seus lábios entrarem em contacto.

Foi como provar o primeiro pêssego maduro do verão. Saboroso, doce e suave… um débil murmúrio brotou da garganta de Ellie e reverberou pelas suas veias como uma corrente de mel. A sensação superava todas as suas expectativas. Era como se estivesse a balançar-se no alto da Ponte da Baía de Sydney no meio de uma tempestade e sem arnês de segurança. Levantou a cabeça para olhar para ela e viu-a tão surpreendida como ele.

Voltou a beijá-la e sentiu como se lhe dissolvia a tensão, tal como a névoa de outono quando o sol nascia. A boca de Ellie relaxou-se e abriu-se sob a sua, e ele não hesitou em aproveitar-se. Agarrou-lhe com suavidade pelo queixo e colocou-se de tal maneira que os seus corpos encaixaram nos lugares adequados. Sentiu-se a estremecer e introduziu-lhe a língua à procura da sua essência mais rica e saborosa. Ela não opôs a menor resistência. A sua língua recebeu-o com deleite, subiu as mãos pela camisa de Matt, até ao seu tresloucado coração, e depois voltou a baixá-las para rodear-lhe a cintura e colar-se a ele, esmagando os peitos contra o seu tronco.

Também Matt deixou vagar livremente as suas mãos. Acariciou-lhe o pescoço, o seu pingente em forma de coração, e meteu as mãos por dentro do casaco até encontrar o decote do vestido. Não parou lá, mas continuou a sua descida sobre a parte exterior dos peitos, as suas costas, o estreitamento da cintura e a pronunciada curva das ancas. Era perfeita, e ele queria mais. Muito mais.

E pela forma como ela se estava a derreter contra ele, tudo fazia pensar que estava com sorte.

 

 

A Ellie tremiam-lhe tanto os joelhos que lhe pareceu um milagre não desfalecer sobre o pavimento. O pulso batia-lhe freneticamente e o sangue fervia-lhe nas veias. O único que podia pensar era como podia permitir que aquele homem, aquele Deus humano que cheirava maravilhosamente e que seguramente fazia o mesmo todas as noites da semana com uma mulher distinta, a beijasse até fazer com que ela perdesse a cabeça.

Mas então fechou os olhos e a mente a qualquer interferência e deixou-se encher pelas sensações que lhe provocavam aquelas mãos quentes e fortes, aquele intenso e ardente sabor e o raspar do tecido contra o tecido quando os seus corpos se uniam. Deu por si aferrada à sua camisa sem ser consciente de tê-lo agarrado. Estava a arder por dentro e não se lembrava de qual dos dois tinha ateado a chama.

As mãos de Matt iniciaram um percurso mais íntimo e atrevido à procura dos seus mamilos, que se endureceram como pequenos seixos contra o tecido do vestido. Retorceu-os ligeiramente e Ellie ofegou de prazer enquanto uma torrente de humidade lhe empapava o sexo e chegou-se para a frente, impaciente por ele continuar o que estava a fazer.

E ele continuou. As suas peritas mãos provocavam-lhe remoinhos de prazer que se concentravam dolorosamente nos recantos mais secretos do seu corpo. Esfregou o ventre contra a prova palpável e poderosa da sua virilidade e escapou-se-lhe um gemido perante o contraste da dureza masculina e a suavidade das suas formas.

– Vives muito longe daqui? – murmurou ele com a boca colada ao pescoço.

A sua voz e a mensagem que transmitia tiraram-na do transe erótico em que estava absorta. Abriu os olhos e encontrou-se perante uma escura silhueta, recortada contra a implacável luz dos candeeiros que se elevavam sobre o muro. A figura de um homem de quem não sabia nada…

O pânico oprimiu-lhe a garganta e urgiu-a a soltar-se.

– Tenho… tenho que ir à casa de banho – afastou-se um par de passos e dedicou-lhe uma careta parecida a um sorriso. – Eu já volto.