Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 1998 Mary Lynn Baxter

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Uma mulher independente, n.º 314 - fevereiro 2018

Título original: Slow Talkin’ Texan

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-945-9

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Catorze

Capítulo Quinze

Capítulo Dezasseis

Capítulo Dezassete

Capítulo Dezoito

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

– Não posso acreditar que esteja a fazer isto.

– Continua, não vais morrer por causa disso. Pelo menos, uma vez.

Ellen Saxton olhou para a irmã, Megan Drysdale, com cara de poucos amigos.

– Para ti é muito fácil falar. Afinal, tens um filho.

– E depois? – perguntou Megan com um sorriso, que fez sobressair as covinhas do seu rosto.

– Ora, significa que sabes cuidar de crianças – ripostou Ellen.

Megan trabalhava a tempo parcial no pequeno infantário da aldeia, há vários anos. Na sua opinião, não contavam com pessoal suficiente para cuidar convenientemente das crianças e necessitavam de arranjar mais.

– Encara-o como mais uma aventura na tua vida – sugeriu Megan em tom de gozo.

– Oh, santo Deus!

Ellen levantou a cabeça e olhou para a irmã, que pegou numa linda menina de dois anos e começou a embalá-la. Megan sempre tinha tido muito jeito com crianças.

Enquanto a observava, Ellen sentiu inveja; não fazia a mínima ideia do que era ser mãe e tinha a certeza de que jamais teria filhos, ainda que fosse por opção própria.

– Sinceramente, mana, não é necessário ter-se um curso para mudar as fraldas a um bebé.

– Pois deveriam pedi-lo – murmurou Ellen, mais para si própria do que para Meg.

Ellen contemplou o bebé que estava a seu cargo. Era um menino que ainda não tinha dois anos. Chamava-se Matthew e, embora lhe parecesse encantador, rezava para que não sujasse as fraldas durante o tempo em que estivesse consigo. Contudo, supôs que não iria ter essa sorte, até porque, tinha a impressão de que Megan estava empenhada em que ela descobrisse aquele aspecto da maternidade.

Como se isso fosse pouco, as palavras que esta proferiu em seguida, confirmaram os seus temores.

– Só tens de meter um dedo na fralda para veres se está molhada – disse com um sorriso malicioso. – Ou para comprovares se terá lá outra prenda.

– Essa outra prenda é que me preocupa.

Meg riu-se.

– Não devias encarar as coisas dessa forma. Descontrai-te.

– Quem me dera conseguir encarar a situação de maneira diferente.

– Garanto-te que é possível. Já não és casada com aquele parvo, por isso, podes relaxar. Anda, pega em Matthew ao colo e embala-o. Verás como vais sentir-te melhor.

Ellen negou com a cabeça.

– Não há necessidade alguma de chateá-lo. Está muito contente sentado no chão, entretido com os brinquedos.

– Como queiras – Meg sorriu, – mas se estás a pensar naquilo que estou a imaginar, esquece.

– Não compreendo o que queres dizer – retorquiu a irmã com fingida inocência.

– Não te faças de desentendida comigo. Não te servirá de nada. Talvez só tenhamos duas crianças, porém, não vais escapar-te.

Ellen olhou-a, desesperada, e suspirou.

– Dá-me cinco minutos, pode ser? Dou-te a minha palavra que preciso apenas de um intervalo. Preferia estar em casa, a beber uma chávena de café e a ler o jornal, no entanto, prometo que não vou abandonar-te.

– Menos mal.

– De qualquer forma, sabes muito bem que poderias cuidar sozinha das duas crianças. Estás a castigar-me por algo, embora não imagine o que possa ter feito para merecer semelhante castigo.

– Eu diria que estou a fazer-te um favor – replicou.

– A mim?

Meg mudou a menina de braço, porque estava um pouco irrequieta, e olhou para a irmã com os olhos ligeiramente fechados.

– Talvez tenha soado um pouco estranho e não quero que me interpretes mal; sei que te devo muito mais do que tu a mim.

– Pelo amor de Deus! Aqui, os favores não são contabilizados.

Ellen inclinou-se sobre o menino e limpou-lhe o queixo. Megan observou-a e riu-se.

– Estás a ver? Sabes o que tens de fazer.

– Não tenhas assim tanta certeza.

– Bem, não nego que estejas mais familiarizada com o teu trabalho do que com crianças, mas…

– Mas não vais permitir que fuja – interrompeu-a. – Acertei?

Meg sorriu para o pequeno Matthew.

– Acertaste. No entanto, sou obrigada a admitir que tomaste a decisão correcta, quando optaste por seguir uma profissão e abdicaste de teres filhos. Não obstante, ainda não é demasiado tarde para os teres.

– Gosto da vida que levo, obrigada.

– E isso deixa-me muito feliz, agora que consegui que estejas mais perto da minha família e de mim.

Ellen assentiu. Nesse ponto, estava completamente de acordo com Megan. Porém, a decisão de se mudar de Tyler, uma das cidades mais importantes do Texas, para a pequena e histórica localidade de Nacogdoches, não tinha sido nada fácil. Apesar disso, não tinha razões de queixa. Tinha encontrado uma casa magnífica e tinha inaugurado a sua segunda loja, uma pastelaria chamada Cofee, com um anexo onde as pessoas podiam adquirir algumas lembranças.

Estava bastante esperançada no negócio, embora a tivessem prevenido de que talvez não fosse uma boa aposta, visto tratar-se de uma aldeia tão pequena. Ainda assim, Ellen ignorou os avisos e empenhou-se no seu novo projecto com grande entusiasmo.

Pelos vistos, a sua atitude positiva tinha alcançado o resultado pretendido. O seu estabelecimento transformara-se num lugar de moda. Como era evidente, Ellen estava encantada e esperava que as coisas se mantivessem no bom caminho.

Abrir uma pastelaria em apenas seis meses, revelara-se uma experiência fatigante e Ellen estava tão cansada, que a ideia de ajudar a irmã no domingo, o seu único dia livre, não a atraía nem um pouco. Contudo, sabia que Megan jamais aceitaria um «não» e, para além disso, sentia-se em dívida para com ela.

Felizmente, só tinham de cuidar de duas crianças. Megan escolhera a menina, porque dava a sensação de ser mais dinâmica e nervosa do que Matthew, que se contentara em permanecer no chão, a brincar.

Ellen olhou para o relógio e suspirou, aliviada. Se tudo corresse conforme o previsto, dentro de meia hora estaria de regresso a casa.

A voz da irmã interrompeu-lhe os pensamentos.

– Provavelmente vais dizer que não, mas tiveste notícias do teu ex-marido?

Ellen evitou encarar Megan.

– Não – respondeu sem dar mais explicações.

– Então? Ficaste chateada por ter perguntado? Sei que tenho o péssimo hábito de falar de mais.

Ellen esboçou um sorriso forçado.

– Sem dúvida alguma. Porém, neste caso não me chateaste. A verdade é que nem ele quer falar comigo nem eu com ele. Está tudo terminado entre nós; são águas passadas.

– Assim espero. Mereces ser feliz e jamais o terias sido se tivesses continuado com ele.

– Por falar de maridos, como é que está Ralph?

– Como é habitual; sempre longe de casa – declarou com sinceridade.

Ralph era motorista TIR e Ellen sempre achou que, entre andar na estrada e cumprir as suas obrigações em casa, ele sempre preferira a primeira opção. Pelos vistos, Megan concordava com ela. No entanto, até àquele momento, nunca tinha feito qualquer tipo de comentário que se pudesse interpretar como uma queixa.

– Como é que se encontra em termos de saúde? – inquiriu, cada vez mais preocupada.

– O médico não teve como controlar-lhe a diabetes. E conduzir um camião pelo país fora, não vai ajudá-lo em nada.

– Talvez o médico consiga convencê-lo disso.

– Não, não acredito que consiga. Por outro lado, não sei de que é que viveríamos, se deixasse a estrada. Apesar de já não ganhar tanto dinheiro como ganhava antes.

– Meg… tenho a impressão de que há algo que não me contaste.

– Não é nada. O problema é que Kyle tem dezassete anos e precisa de ter o pai por perto. Eu sozinha tenho alguma dificuldade em controlá-lo. Amo-o de todo o coração, mas às vezes apetece-me estrangulá-lo. E a Ralph também.

Ellen sentiu-se angustiada ao notar a frustração e a dor reflectidas na voz da irmã. Para piorar ainda mais a situação, bastou olhar para o rosto dela, para ter a certeza de que não se enganara.

Megan não tinha conseguido perder os quilos que engordara durante a gravidez, ainda assim, com trinta e cinco anos de idade, continuava a ser uma mulher muito atraente, morena e de olhos castanhos. Contudo, Ellen achava-a mais angustiada do que aquilo que era habitual; desconfiava de que os problemas familiares não se resumiam às longas ausências de Ralph e ao facto de ter um filho adolescente. Ellen pressentia que estavam com dificuldades económicas.

Apesar de estar bastante preocupada com a irmã, preferiu não dizer o que pensava; Meg era reservada e orgulhosa e certamente teria interpretado a sua preocupação como uma intromissão. Só esperava que fosse capaz de lhe pedir ajuda, caso viesse a necessitar.

Megan e Ellen não eram muito parecidas, nem em termos de personalidade nem no aspecto físico, mas gostavam muito uma da outra e eram muito unidas. Tinham perdido os pais em apenas dois anos; um deles tinha morrido com um cancro e o outro com um enfarte de miocárdio. A tragédia tinha criado um laço afectivo indestrutível entre elas.

De repente, o pequeno Matthew largou os brinquedos e começou a chorar. Ellen puxou os seus longos cabelos ruivos para trás, levantou-se e pegou no menino ao colo.

Meg sorriu.

– É encantador, não é?

– E demasiado pesado. Se tiver de pegar nele ao colo durante muito tempo, vou acabar com um braço partido.

– Depressa te acostumarás.

– Duvido muito. Vamos pequeno… porta-te bem e pára de chorar.

– Se lhe pedisses um milhão de dólares, reagiria da mesma maneira – comentou Megan. – Desconfio de que tanto se acalmará assim como assado.

– Suponho que deveria verificar como é que está a fralda – retorquiu Ellen, resignada. – É natural que esteja irrequieto por causa disso.

– É possível.

– Toma, eu fico com a menina, enquanto mudas a fralda a Matthew.

– Nem penses. Matthew está sob a tua responsabilidade.

– Lembrar-me-ei disso – replicou Ellen num tom ameaçador.

A irmã riu-se.

– Sei que o farás e por várias razões.

– Muito bem, ri-te se quiseres. Sou uma mulher madura e garanto-te que sou capaz de o fazer.

– Pois, então, força.

Ellen levou Matthew para a mesa que estava mais próxima e deitou-o em cima desta. O menino começou a chorar e a mover os bracinhos e as perninhas num acto de profundo desespero.

– Vá lá, pequeno, acalma-te. Não demoro muito, prometo-te.

Ellen conseguiu tirar-lhe a fralda e tal como suspeitava, estava ensopado. No entanto, para sorte dela, não havia mais nenhuma surpresa.

Nesse momento, ouviu a gargalhada da irmã. Irritada, ordenou, sem se virar para ela:

– Porta-te bem e vem aqui ajudar-me.

– Não precisas da minha ajuda. Estás a sair-te lindamente.

– Como é que tens coragem de dizer uma coisa dessas? Mexe-se tanto, que não consigo pôr-lhe uma fralda limpa.

– Vais conseguir.

– Megan, juro-te que se este menino fizer algo em cima de mim, eu…

Subitamente, um jorro de líquido quente sujou o queixo de Ellen e a sua blusa de seda amarela.

A jovem demorou vários segundos a reagir.

– Sorte malvada…! – exclamou.

– Vá lá, acho que Matthew sofreu um pequeno acidente – disse, incapaz de conter o riso. – Não acredito que uma criança tão pequena possa…

– Sim, é evidente que pode – explodiu Ellen, ao mesmo tempo que tentava colocar-lhe a fralda.

Quando terminou a tarefa, virou-se, disposta a enfrentar a irmã. No entanto, em vez de olhar para Megan, olhou em direcção à porta.

Um homem, sorridente, acabava de entrar na sala. Observou-a dos pés à cabeça e ela corou, ao recordar-se da mancha que tinha na blusa.

A situação pareceu-lhe tão insuportável que desviou o olhar do recém-chegado, que dava a impressão de estar a divertir-se às suas custas, e contemplou o menino.

– Necessitas de ajuda? – indagou o homem.

– Não, obrigada – respondeu rispidamente Ellen. – Está tudo sob controlo.

Ellen achou que aquele vaqueiro não podia saber mais de fraldas do que ela.

– Tens a certeza? – insistiu.

– Absoluta – ripostou.

Megan levantou-se e tossiu ligeiramente.

– Ellen… apresento-te Porter Wyman, o pai de Matthew.

Capítulo Dois

 

O pai de Matthew, um homem alto, musculoso e atraente, cumprimentou-as, levantando a aba do chapéu, e avançou em direcção a elas. Ellen observou-o, perplexa; nunca se sentira tão envergonhada em toda a sua vida.

Assim que o menino viu o pai, começou a esbracejar e a sorrir com uma alegria imensa.

Ellen entregou-lhe o filho com muito cuidado, com receio de deixá-lo cair.

– Admito que é muito pesado – comentou Porter.

Ela corou e desviou o olhar. Não sabia o que aquele homem estava a pensar, porém, podia adivinhá-lo. Por outro lado, não lhe apetecia sentir o olhar fixo de uns olhos castanhos, tão escuros como o chocolate.

– Meu filho, tu e eu precisamos de conversar – disse Porter.

A voz dele era tão rouca como a de um bêbado, embora a Ellen não lhe tivesse passado pela cabeça, nem por um segundo, que estivesse nessas condições. Era mais do que óbvio que o recém-chegado não brincava com a saúde. O seu peito musculoso sobressaía debaixo da camisa de algodão; Ellen ficou ainda mais corada ao ter consciência dos seus pensamentos libertinos.

– Quando chegarmos a casa – prosseguiu ele, – temos de falar sobre os teus modos.

– Não se portou muito bem – declarou Meg, entre gargalhadas.

– Que vergonha! – exclamou o pai em tom de brincadeira, virando-se para o filho. – O que é que achas da ideia de me apresentares à tua amiga? Afinal, acaba de ser vítima dos maus modos do meu filho…

Ellen olhou para a irmã e em seguida para Porter. Estavam a divertir-se bastante à sua custa e teve vontade de lhes dizer duas coisas, embora tivesse optado por não o fazer; sabia que só iria piorar a situação. Para além disso, era perfeitamente capaz de aparentar indiferença, ainda que estivesse nervosa.

– É a minha irmã mais nova – comunicou Meg com um sorriso malicioso.

– Ah, compreendo. E tem nome?

– Agradecia que parassem de falar de mim, como se não estivesse presente – explodiu Ellen, irritada.

– É evidente que tem nome – retorquiu Meg, ignorando as palavras da irmã. – Porter, apresento-te Ellen Saxton.

Porter voltou a cumprimentá-la, levantando ligeiramente o chapéu e esboçando um sorriso encantador. Ellen reparou que tinha uns dentes perfeitos, que o tornavam ainda mais atraente.

– É um prazer.

– O prazer é todo meu – declarou a jovem.

– Lamento imenso o que sucedeu com Matthew.

Porter observou-a atentamente. Ellen desejou conhecer o que havia por detrás dos incríveis olhos daquele homem, mas recriminou-se de imediato. Tentou convencer-se de que não lhe faria a menor diferença se nunca mais voltasse a vê-lo. Naquele momento, o que mais queria era que pegasse no filho e que desaparecesse dali. O incidente do menino e o súbito aparecimento do seu pai, tinham-na feito perder completamente a paciência.

– Não te preocupes. São coisas que acontecem com os bebés.

– Vejo que compreendes – declarou Porter, sem desviar o olhar dela.

– Não por experiência própria – interveio Ellen.

– Ah! Que pena!

Ellen esteve tentada a dizer-lhe que ela não lamentava, nem um pouco, o facto de não ter sido mãe. Não estava minimamente preocupada com o que ele pudesse pensar.

– Não tenho assim tanta certeza – retorquiu Meg, rindo-se. – A minha irmãzinha não faz muito o género maternal.

– Apesar disso, quando levares a blusa para a lavandaria, diz-me quanto é, porque quero pagar a conta – afirmou Porter.

– Não é necessário – replicou a jovem. – Não foi assim tão grave.