amada


(livro 2 na série Memórias de um Vampiro)

 

 

 

morgan rice

 

 

Elogios selecionados para MEMÓRIAS DE UM VAMPIRO

 

 “AMADA, o segundo livro da série Memórias de um Vampiro, é tão bom quanto o primeiro, TRANSFORMADA, e está cheio de ação, romance, aventura e suspense. Este livro é uma ótima adição à esta série e deixará você querendo mais de Morgan Rice. Se você amou o primeiro livro, agarre este e se apaixone novamente. Este livro pode ser lido como uma sequência, mas Rice o escreve de tal forma que você não precisa conhecer o primeiro livro para ler este ótimo volume.”

--Vampirebooksite.com

 

“A série MEMÓRIAS DE UM VAMPIRO tem um ótimo enredo, e AMADA em particular é o tipo de livro que você não consegue largar à noite. O final criou um suspense tão espetacular que você irá querer comprar o próximo livro imediatamente, só para ver o que acontece. Como você pode ver, este livro foi um grande passo para a série e recebe um A sólido.”

--The Dallas Examiner

 

“Em AMADA, Morgan Rice demonstra novamente ser uma contadora de histórias extremamente talentosa… A melhor parte de AMADA é a história. Quando você tem conexões históricas reais em um livro, a tendência é você ficar ainda mais fascinado com o que acontece com os personagens.”

--The Romance Reviews

 

"TRANSFORMADA é um livro que pode competir com CREPÚSCULO e DIÁRIOS DO VAMPIRO, e fará com que você queira continuar lendo até a última página! Se você gosta de aventura, amor e vampiros, este é o livro para você!"

--Vampirebooksite.com

 

Sobre Morgan Rice

 

 

Morgan é a autora da série épica de fantasia best-seller, O ANEL DO FEITICEIRO, atualmente com dez livros.

 

Morgan Rice é a autora do best-seller MEMÓRIAS DE UM VAMPIRO, uma série infanto-juvenil com dez livros que foram traduzidos em seis idiomas, e que começa com o livro TRANSFORMADA (Livro 1)!

 

Morgan também é a autora dos best-sellers ARENA UM e ARENA DOIS, os primeiros dois livros da TRILOGIA DA SOBREVIVÊNCIA, um suspense de ação pós-apocalíptico que se passa no futuro.

 

Morgan adora ler os seus comentários, por isso sinta-se livre para visitar www.morganricebooks.com e entrar em contato.

Livros de Morgan Rice

 

O ANEL DO FEITICEIRO
UMA MISSÃO DE HERÓIS (Livro 1)
UMA MARCHA DE REIS (Livro 2)

UM BANQUETE DE DRAGÕES (Livro 3)

UM CONFLITO DE HONRA (Livro 4)

UMA PROMESSA DE GLÓRIA (Livro 5)
UMA TAREFA DE VALOR (Livro 6)
UM RITUAL DE ESPADAS (Livro 7)

UMA DOAÇÃO DE ARMAS (Livro 8)
UM CÉU DE FEITIÇOS (Livro 9)

UM MAR DE ESCUDOS (Livro 10)

 

A TRILOGIA DA SOBREVIVÊNCIA
ARENA UM: COMERCIANTES DE ESCRAVOS (Livro 1)
ARENA DOIS (Livro 2)

 

MEMÓRIAS DE UM VAMPIRO

TRANSFORMADA (Livro 1)

AMADA (Livro 2)
TRAÍDA (Livro 3)

DESTINADA (Livro 4)

DESEJADA (Livro 5)
PROMETIDA (Livro 6)

JURADA (Livro 7)

ENCONTRADA (Livro 8)

RESSUSCITADA (Livro 9)
NECESSÁRIA (Livro 10)

 

 

 

Ouça a série MEMÓRIAS DE UM VAMPIRO em áudio!

 

Agora disponível em:
 

Amazon

Audible

iTunes

 

 

ÍNDICE

 

UM

DOIS

TRÊS

QUATRO

CINCO

SEIS

SETE

OITO

NOVE

DEZ

ONZE

DOZE

TREZE

QUATORZE

QUINZE

DEZESSEIS

DEZESSETE

DEZOITO

DEZENOVE

VINTE

VINTE E UM

VINTE E DOIS

VINTE E TRÊS

VINTE E QUATRO

VINTE E CINCO

VINTE E SEIS

VINTE E SETE

VINTE E OITO

VINTE E NOVE

 

Copyright © 2011 de Morgan Rice

 

Todos os direitos reservados. Exceto conforme permitido sob a Lei Americana de Direitos Autorais de 1976, nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, distribuída ou transmitida em qualquer forma ou de qualquer maneira, ou armazenada em um banco de dados ou sistema de recuperação, sem a permissão prévia da autora.

 

Este e-book está licenciado apenas para o seu entretenimento pessoal. Este e-book não pode ser revendido ou dado para outras pessoas. Se você desejar compartilhar este livro com outra pessoa, por favor, adquira uma cópia adicional para cada recipiente. Se você estiver lendo este livro e não o adquiriu, ou se ele não foi adquirido apenas para o seu uso, por favor, devolva-o e adquira a sua própria cópia. Obrigado por respeitar o trabalho árduo desta autora.

 

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, empresas, organizações, lugares, eventos e incidentes são produtos da imaginação da autora ou são usados ficcionalmente. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência.

 

FATO:

 

Em Salem, Massachusetts, em 1692, doze garotas adolescentes conhecidas como “as afligidas,” sofreram de uma doença mistériosa que as levou à histeria e a gritar que bruxas locais as estavam atormentando. Isto levou aos julgamentos de bruxaria de Salem.

 

A doença misteriosa que atacou estas meninas nunca foi explicada até hoje.

 

 

 

 

“Viu, em sonho, minha estátua, esta noite,

Como fonte que despejava sangue por cem bocas,

Na qual as mãos banhavam, sorridentes e robustos romanos.

Ela toma semelhante visão como advertência

 De perigo iminente e mau agouro...”


--William Shakespeare, Júlio César

 

UM

 

 

Hudson Valley, Nova York

(Dias de hoje)

 

 

Pela primeira vez em várias semanas, Caitlin Paine pôde relaxar. Sentando confortavelmente no chão do pequeno celeiro, ela se recostou em um bloco de feno, e expirou. Uma pequena fogueira queimava na lareira de pedra a cerca de três metros; ela havia acabado de adicionar um pedaço de madeira ao fogo, e se sentiu confortada pelo barulho da madeira estalando. Março ainda não havia acabado, e aquela noite estava especialmente fria. A janela na parede distante oferecia uma visão do céu noturno, e ela pôde ver que a neve ainda estava caindo.

O celeiro não tinha aquecimento, mas ela sentou-se perto suficiente do fogo para tornar o frio suportável. Ela se sentiu muito confortável, e sentiu seus olhos pesarem. O cheiro do fogo dominava o celeiro, e ao se recostar um pouco mais, ela pôde sentir a tensão começar a abandonar seus ombros e pernas.

Claro, a verdadeira razão para a sua sensação de paz, ela sabia, não era o fogo ou o feno, ou até mesmo o abrigo do celeiro. Era ele. Caleb. Ela sentou e olhou para ele.

Ele estava recostado na frente dela, a cerca de cinco metros de distância, perfeitamente quieto. Ele estava dormindo, e ela aproveitou a oportunidade para estudar o seu rosto, suas feições perfeitas, sua pele translúcida e pálida. Ela nunca havia visto feições tão perfeitamente esculpidas. Era surreal, como observar uma escultura. Ela não conseguia entender como ele havia vivido por 3 mil anos. Ela, aos 18, já parecia mais velha do que ele.

Mas aquilo ia além das feições dele. Ele tinha um certo ar, uma energia sutil que exalava. Uma grande sensação de paz. Quando estava perto dele, ela sabia que tudo ficaria bem.

Ela estava feliz por ele ainda estar ali, ainda com ela. E ela se permitiu esperar que eles ficassem juntos. Mas mesmo ao pensar nisso, ela repreendeu a si mesma, sabendo que estava se preparando para uma decepção. Homens como ele, ela sabia, não ficavam por muito tempo. Eles não foram construídos desta forma.

Caleb dormia tão perfeitamente, respirando pouco, que era difícil para ela dizer se ele realmente estava dormindo. Ele disse que havia saído mais cedo para se alimentar. Ele retornou mais relaxado, com uma pilha de lenha, e havia descoberto uma forma de selar a porta do celeiro para bloquear a brisa da neve. Ele havia acendido a fogueira e, agora que estava dormindo, ela estava alimentando o fogo.

Ela pegou o copo e tomou mais um gole do vinho tinto, e sentiu o líquido quente relaxá-la lentamente. Ela havia encontrado a garrafa em um baú escondido, embaixo de uma pilha de feno; ela lembrou de quando seu irmão mais novo, Sam, a guardara ali, meses antes, por um capricho. Ela nunca havia bebido, mas não viu problema em tomar alguns goles, especialmente depois do que ela havia passado.

Ela segurou seu diário no colo, página aberta, uma caneta em uma mão e o copo em outra. Ela o estava segurando por 20 minutos. Ela não tinha ideia de onde começar. Ela nunca havia tido dificuldades para escrever antes, mas desta vez, era diferente. Os eventos dos últimos dias haviam sido dramáticos demais, difíceis demais para processar. Esta era a primeira vez que ela pôde sentar e relaxar. A primeira vez que ela se sentia remotamente segura.

Ela decidiu que era melhor começar do começo. O que havia acontecido. Por que ela estava ali. Quem ela era. Ela precisava processar aquilo. Ela nem sequer tinha certeza de que tinha essas respostas.

*

Até a semana passada, a vida era normal. Eu estava começando a gostar de Oakville. Então, mamãe chegou um dia e anunciou que nós estávamos nos mudando. De novo. A vida virou do avesso, como sempre acontecia com ela.

Desta vez, era pior. Não era outro subúrbio. Era Nova York. A cidade. Escola pública e uma vida de concreto. E uma vizinhança perigosa.

Sam também estava furioso. Nós conversamos sobre não ir, sobre fugir. Mas a verdade era que nós não tínhamos para onde ir.

Então, fomos para Nova York. Nós prometemos secretamente que, se não gostássemos de lá, iríamos embora. Para qualquer lugar. Talvez até tentar encontrar o papai novamente, mesmo que ambos soubéssemos que aquilo não iria acontecer.

E então, tudo aconteceu. Tão rápido. Meu corpo. Se transformando. Mudando. Eu ainda não sei o que aconteceu, ou no que eu me transformei. Mas eu sei que não sou mais a mesma pessoa.

Eu lembro daquele noite fatídica, quando tudo começou. Carnegie Hall. Meu encontro com Jonah. E então... o intervalo. Eu, me... alimentando? Matando alguém? Ainda não consigo me lembrar. Eu só sei o que me disseram. Eu sei que fiz algo naquela noite, mas é tudo um borrão. O que quer que eu tenha feito, aquilo ainda parecia um poço em meu estômago. Eu nunca desejaria machucar alguém.

No dia seguinte, eu senti a mudança em mim. Eu estava definitivamente me tornando mais forte, mais rápida, mais sensível à luz. Eu senti cheiros também. Os animais estavam agindo de maneira estranha perto de mim, e eu me senti agindo de maneira estranha perto deles.

E então, havia a mamãe. Me dizendo que não era minha mãe verdadeira, e sendo morta por aqueles vampiros, que estavam atrás de mim. Eu nunca desejaria vê-la ser machucada daquela forma. Eu ainda me sinto culpada por isso. Mas, com tudo o que está acontecendo, eu não posso pensar nisso. Eu preciso focar no que está na minha frente, no que eu posso controlar.

Então, eu fui capturada. Aqueles terríveis vampiros. E então, a minha fuga. Caleb. Sem ele, eu tenho certeza de que eles teria me matado. Ou algo pior.

O clã de Caleb. Seu povo. Tão diferentes. Porém, vampiros da mesma forma. Territoriais. Ciumentos. Desconfiados. Eles me expulsaram, e não deram nenhuma escolha a ele.

Mas ele escolheu. Apesar de tudo, ele me escolheu. Mais uma vez, ele me salvou. Ele arriscou tudo por mim. Eu o amo por isso. Mais do que ele jamais saberá.

Eu preciso ajudá-lo em troca. Ele acha que eu sou a Escolhida, algum tipo de messias vampiro ou algo assim. Ele está convencido de que eu o guiarei até algum tipo de espada perdida, que irá parar a guerra dos vampiros e salvar a todos. Pessoalmente, eu não acredito nisso. Mas eu sei que isso é tudo o que ele tem, e significa o mundo para ele. E ele arriscou tudo por mim, e isso é o mínimo que eu posso fazer. Para mim, a questão não é a espada. Eu apenas não quero que ele se vá.

Então, eu farei o que for preciso. Eu sempre quis tentar encontrar o meu pai, de qualquer forma. Eu quero saber quem ele realmente é. Quem eu realmente sou. Se eu realmente sou meio vampira, ou meio humana, ou seja lá o que for. Eu preciso de respostas. Ao menos, eu preciso saber no que estou me tornando…

*

“Caitlin?”

Ela acordou atordoada. Ela olhou para cima e viu Caleb a observando, com as mãos gentilmente em seu ombro. Ele sorriu.

“Eu acho que você caiu no sono,” ele disse.

Ela olhou em sua volta, viu o diário aberto em seu colo e o fechou rapidamente. Ela sentiu suas bochechas corarem, esperando que ele não houvesse lido nada. Especialmente a parte sobre os seus sentimentos por ele.

Ela se sentou e esfregou os olhos. Ainda era noite, e o fogo ainda estava queimando, apesar de estar quase apagando. Ele também deve ter acabado de acordar. Ela se perguntou por quanto tempo ela havia dormido.

“Desculpe,” ela disse. “É a primeira vez que eu dormi nos últimos dias.”

Ele sorriu novamente e atravessou o celeiro na direção do fogo. Ele jogou mais lenha na fogueira e elas estalaram e sibilaram, enquanto o fogo aumentava. Ela sentiu o calor alcançar os seus pés.

Ele ficou parado ali, observando o fogo, e seu sorriso sumiu lentamente enquanto ele se perdia em seus pensamentos. Enquanto observava as chamas, o seu rosto se iluminou com um brilho quente, o tornando ainda mais atraente, se isso fosse possível. Seus grandes olhos castanhos se abriram, e enquanto ela o observava, eles mudaram de cor para um verde claro.

Caitlin se endireitou e viu que seu copo de vinho tinto ainda estava cheio. Ela tomou um gole, e ele a aqueceu. Ela não havia comido em algum tempo, e o vinho subiu para a sua cabeça. Ela viu o outro copo de plástico ali e lembrou de suas boas maneiras.

“Posso servir um pouco para você?” ela perguntou e adicionou nervosamente, “quer dizer, eu não sei se você bebe—”

Ele riu.

“Sim, os vampiros também bebem vinho,” ele disse com um sorriso, se aproximou e segurou o copo enquanto ela servia.

Ela estava surpresa. Não pelas palavras dele, mas pelo seu sorriso. Era suave, elegante, e parecia se misturar agradavelmente com o lugar. Como tudo nele, seu sorriso era misterioso.

Ela olhou em seus olhos quando ele levantou o copo até os lábios, esperando que ele também olhasse nos seus.

Ele olhou.

Então, ambos olharam para longe ao mesmo tempo. Ela sentiu seu coração bater mais forte.

Caleb voltou para o seu canto e sentou sobre o feno, se recostando e olhando para ela. Agora, ele parecia a estar estudando. Ela se sentiu constrangida.

Ela passou a mão inconscientemente sobre suas roupas, e desejou que estivesse usando algo mais bonito. A sua mente voou enquanto ela tentava se lembrar do que estava usando. Em algum lugar no caminho, ela não conseguia se lembrar de onde, eles haviam parado brevemente em uma cidade, e ela havia ido até a única loja que eles tinham—uma loja do Exército da Salvação—e encontrado uma muda de roupas.

Ela olhou para baixo apavorada, e não reconheceu a si mesma. Ela estava usando calças jeans desbotadas e rasgadas, tênis grandes demais para ela, e um suéter por cima de uma camiseta. Sobre o suéter, ela usava um casado roxo desbotado, com um botão faltando, também grande demais para ela. Mas ele a aquecia. E naquele momento, era disso que ela precisava.

Ela se sentiu embaraçada. Por que ele tinha que vê-la daquele jeito? Era típico da sorte dela que, na primeira vez que ela conhecia um rapaz de quem realmente gostava, ela não tinha sequer a chance de ficar bonita. Não havia banheiro neste celeiro e, mesmo que houvesse, ela não tinha nenhuma maquiagem para colocar. Ela olhou para longe novamente, se sentindo envergonhada.

“Eu dormi por muito tempo?” ela perguntou.

“Eu não tenho certeza, também acabei de acordar,” ele disse, se recostando e passando a mão pelo cabelo. “Eu me alimentei cedo esta noite. Isso me deixou cansado.”

Ela olhou para ele.

“Me explique isso,” ela disse.

Ele olhou para ela.

“Se alimentar,” ela adicionou. “Tipo, como funciona? Você… mata pessoas?”

“Não, nunca,” ele disse.

O celeiro ficou silencioso enquanto ele elaborava seus pensamentos.

“Como qualquer coisa na raça dos vampiros, é complicado,” ele disse. “Depende do tipo de vampiro que você é, e o clã ao qual você pertence. No meu caso, eu só me alimento de animais. Cervos, na maioria das vezes. Existem muitos deles, e os humanos os caçam também—e nem sequer para comer.”

A sua expressão se tornou sombria.

“Mas outros clãs não são tão graciosos. Eles se alimentam de humanos. Normalmente, de indesejados.”

“Indesejados?”

“Sem-teto, andarilhos, prostitutas... pessoas que não serão notadas. É assim que sempre foi. Eles não querem chamar atenção para a raça.

“É por isso que nós consideramos o meu clã, a minha raça de vampiros, como tendo o sangue puro, e outros tipos como impuros. Do que você se alimenta…a energia daquilo impregna você.”

Caitlin ficou ali sentada, pensando.

“E eu?” Ela perguntou.

Ele olhou para ela.

“Por que eu quero me alimentar algumas vezes, mas não outras?”

Ele franziu a testa.

“Eu não tenho certeza. As coisas são diferentes para você. Você é mestiça. É algo muito raro… eu sei que você está se tornando adulta. Com outros, eles se transformam da noite para o dia. Para você, é um processo. Pode levar algum tempo para que você se estabeleça, para que passe por todas as mudanças que passará.”

Caitlin pensou e lembrou de suas dores de fome, como elas a haviam afligido de uma hora para a outra. Como elas a tornaram incapaz de pensar em qualquer coisa, a não ser se alimentar. Foi horrível. Ela temia que aquilo acontecesse novamente.

“Mas como eu vou saber quando aquilo acontecerá novamente?”

Ele olhou para ela. “Você não vai saber.”

“Mas eu jamais quero matar um humano,” ela disse. “Jamais.”

“Você não precisa. Você pode se alimentar de animais.”

“Mas e se isto acontecer quando eu estiver presa em algum lugar?”

“Você terá que aprender a controlar a fome. Precisa de prática. E força de vontade. Não é fácil. Mas é possível. Você pode controlá-la. É algo pelo qual todo vampiro passa.”

Caitlin pensou sobre como seria capturar e se alimentar de um animal vivo. Ela sabia que já era mais rápida do que jamais havia sido, mas não sabia se era tão rápida. E ela não saberia o que fazer se realmente conseguisse capturar um cervo.

Ela olhou para ele.

“Você me ensina?” ela perguntou, esperançosa.

Ele a olhou nos olhos, e ela pôde sentir seu coração batendo.

“Alimentar-se é algo sagrado em nossa raça. Sempre é feito sozinho,” ele disse, suavemente e quase se desculpando. “Exceto…” Ele parou.

“Exceto?” ela perguntou.

“Em cerimônias matrimoniais. Para unir marido e mulher.”

Ele desviou o olhar, e ela pôde vê-lo se agitar. Ela sentiu o sangue subir para o seu rosto, e de repente, o celeiro ficou muito quente.

Ela decidiu deixar o assunto de lado. Ela não tinha nenhuma dor de fome no momento, e iria cruzar aquela ponte quando chegasse até ela. Ela esperou que ele estivesse ao seu lado quando este momento chegasse.

Além disso, bem no fundo, ela não se importava muito com a alimentação, ou vampiros, ou espadas, ou qualquer coisa do tipo. O que ela realmente queria era saber mais sobre ele. Ou, na verdade, o que ele sentia por ela. Haviam tantas perguntas que ela queria fazer a ele. Por que você arriscou tudo por mim? Foi apenas para encontrar a espada? Ou foi algo mais? Depois que encontrar a espada, você ainda ficará comigo? Mesmo que o romance com humanos seja proibido, você infringiria esta regra por mim?

Mas ela estava com medo.

Então, em vez disso, ela disse simplesmente: “Eu espero que nós encontremos a sua espada.”

Terrível, ela pensou. Isso é o melhor que você pode fazer? Você nunca vai ter a coragem de dizer o que está pensando?

Mas a energia dele era intensa demais, e quando ela estava perto dele, era difícil pensar claramente.

“Eu também,” ele respondeu. “Ela não é uma arma qualquer. Foi desejada pela nossa raça por séculos. Dizem que ela é o melhor exemplo de espada turca já criada, feita de um metal que pode matar todos os vampiros. Com ela, nós seríamos invencíveis. Sem ela…”

Ele parou, aparentemente com medo de verbalizar as consequências.

Caitlin desejou que Sam estivesse ali, desejou que ele pudesse ajudá-los a encontrar o seu pai. Ela examinou o celeiro novamente. Ela não viu nenhum sinal recente dele. Ela desejou, novamente, que não tivesse perdido seu celular no caminho. Ele teria tornado a vida muito mais fácil.

“Sam sempre ficava aqui,” ela disse. “Eu estava certa de que ele estaria aqui. Mas eu sei que ele voltou para esta cidade—eu tenho certeza. Ele não iria para nenhum outro lugar. Amanhã, nós iremos até a escola e eu vou conversar com meus amigos. Eu vou descobrir.”

Caleb consentiu com a cabeça. “Você acha que ele sabe onde o seu pai está?” ele perguntou.

“Eu…não sei,” ela respondeu. “Mas eu sei que ele sabe muito mais sobre ele do que eu. Ele vem tentando encontrá-lo a muito tempo. Se alguém sabe de alguma coisa, ele sabe.”

Caitlin lembrou de todos os momentos com Sam, de sua busca constante, mostrando novas pistas a ela, sempre acabando decepcionado. Todas as noites, ele ia para o seu quarto e sentava na beira da cama. O seu desejo de encontrar seu pai era esmagador, como algo vivo dentro dele. Ela também sentia o desejo, mas não com a mesma intensidade que ele. De certa forma, a decepção dele era mais difícil de assistir.

Caitlin pensou na infância complicada deles, em tudo que eles haviam perdido, e se sentiu dominada pela emoção de repente. Uma lágrima se formou no canto de seu olho e, envergonhada, ela a limpou rapidamente, esperando que Caleb não tivesse visto.

Mas ele havia visto. Ele olhou para cima e a observou, intensamente.

Ele se levantou lentamente e sentou ao lado dela. Ele estava tão próximo que ela pôde sentir a sua energia. Era intensa. O coração dela começou a bater forte.

Ele passou um dedo gentilmente pelo cabelo dela, retirando-o do seu rosto. Então, ele pousou o dedo no canto do seu olho, descendo a sua bochecha.

Ela manteve o rosto abaixado, olhando para o chão, com medo de encontrar os olhos dele. Ela podia senti-lo examinando-a.

“Não se preocupe,” ele disse, sua voz suave e forte a deixando completamente tranquila. “Nós encontraremos seu pai. E o faremos juntos.”

Mas não era com isto que ela estava preocupada. Ela estava preocupada com ele. Caleb. Preocupada com o momento em que ele a deixaria.

Se ela o encarasse, ela se perguntou se ele a beijaria. Ela queria muito sentir o toque dos seus lábios.

Mas estava com medo de levantar a cabeça.

Parecia que horas haviam se passado até que ela finalmente teve a coragem de levantá-la.

Mas ele já havia desviado o olhar. Ele estava recostado gentilmente sobre o feno, olhos fechados, dormindo, um sorriso gentil em seu rosto, iluminado pela luz do fogo.

Ela deslizou para perto dele e se recostou, descansando a cabeça a alguns centímetros do ombro dele. Eles estavam quase se tocando.

E aquilo era quase o suficiente para ela.

 

 

DOIS

 

Caitlin abriu a porta do celeiro e apertou os olhos para ver um mundo coberto de neve. A luz branca do sol refletia em tudo. Ela levou as mãos aos olhos, sentindo uma dor que nunca havia sentido: seus olhos a estavam matando.

Caleb saiu e ficou ao lado dela, cobrindo seus braços e pescoço com um material fino e claro. Parecia filme plástico, mas parecia se dissolver na pele dele quando ele o usou. Ela nem sequer o enxergava.

“O que é isso?”

“Cobertura para a pele,” ele disse, olhando para baixo enquanto cobria cuidadosamente os seus braços e ombros. “É o que nos permite sair durante o dia. Sem ela, a nossa pele queimaria.” Ele olhou para ela. “Você não precisa dela—ainda.”

“Como você sabe?” ela perguntou.

“Confie em mim,” ele disse, sorrindo. “Você saberia.”

Ele colocou a mão no bolso e pegou um pequeno frasco de colírio, se inclinou para trás e pingou várias gotas em cada olho. Ele virou e olhou para ela.

Deve ter parecido óbvio que os olhos dela estavam doendo, porque ele colocou gentilmente a mão na testa dela. “Incline-se para trás,” ele disse.

Ela se inclinou.

“Abra os olhos,” ele disse.

Quando ela o fez, ele pingou uma gota em cada olho.

Aquilo ardeu muito, e ela fechou os olhos e baixou a cabeça.

“Ai,” ela disse, esfregando os olhos. “Se você está bravo comigo, é só dizer.”

Ele sorriu. “Desculpe. Ele arde no começo, mas você vai se acostumar. A sua sensibilidade irá sumir em alguns segundos.”

Ela piscou e esfregou os olhos. Finalmente, ela olhou para cima e seus olhos não doíam mais. Ele estava certo: toda a dor havia ido embora.

“A maioria de nós ainda não sai durante o dia se não precisar sair. Todos nós ficamos mais fracos durante o dia. Mas algumas vezes, nós precisamos sair.”

Ele olhou para ela.

“Essa escola que ele frequenta,” ele disse. “É muito longe?”

“Apenas uma curta caminhada,” ela disse, pegando o braço dele e o guiando pelo quintal coberto de neve. “Oakville High. Era a minha escola também, até algumas semanas atrás. Um dos meus amigos deve saber onde ele está.”

*

Oakville High continuava a mesma escola que Caitlin lembrava. Era surreal estar de volta ali. Olhando para a escola, ela sentiu como se tivesse apenas tirado curtas férias, e agora estava de volta à sua vida normal. Ela até se permitiu acreditar, por um breve segundo, que os eventos das últimas semanas haviam sido apenas um sonho louco. Ela se permitiu fantasiar que tudo estava completamente normal novamente, como sempre havia sido. Aquilo a fez se sentir bem.

Mas quando ela viu Caleb parado ao lado dela, ela soube que nada estava normal. Se havia algo mais surreal do que voltar lá, era voltar com Caleb ao seu lado. Ela estaria entrando em sua velha escola com aquele homem lindo ao seu lado, com bem mais de 1,80 m, ombros largos, todo de preto, com a gola alta de seu sobretudo preto de couro em torno do seu pescoço, abaixo do seu cabelo quase longo. Ele parecia ter acabado de sair de uma capa daquelas revistas populares para adolescentes.

Caitlin imaginou qual seria a reação das outras garotas quando a vissem com ele. Ela sorriu com a ideia. Ela nunca havia sido especialmente popular, e certamente nenhum rapaz havia prestado muita atenção nela. Ela não era impopular—ela tinha alguns bons amigos—mas ela também não estava no centro da panelinha mais popular. Ela imaginava estar em algum lugar no meio. Mesmo assim, ela lembrou de ter se sentido desprezada por algumas das garotas mais populares, que pareciam andar sempre juntas, caminhando pelos corredores com seus narizes empinados, ignorando qualquer um a quem não consideravam ser perfeito como elas. Agora, talvez, elas notassem.

Caitlin e Caleb subiram a escadaria e passaram pelas amplas portas duplas da escola. Caitlin olhou para o grande relógio: 8h30. Perfeito. A primeira aula deveria estar acabando, e os corredores estariam se enchendo a qualquer segundo. Isso os tornaria menos visíveis. Ela não precisaria se preocupar com segurança, ou com um passe de corredor.

Na hora certa, o sino tocou, e dentro de segundos, os corredores começaram a se encher.

O lado bom de Oakville era o quão diferente ela era daquela horrível escola pública de Nova York. Aqui, até quando os corredores se enchiam, ainda havia bastante espaço para manobrar. Grandes janelas de vidro cobriam todas as paredes, deixando entrar a luz do sol e o céu, e era possível ver árvores onde quer que você fosse. Era quase o suficiente para fazê-la sentir falta de lá. Quase.

Ela estava cansada da escola. Tecnicamente, faltavam apenas alguns meses para a sua formatura, mas ela sentia que havia aprendido mais naquelas poucas semanas do que jamais aprenderia sentada em uma sala de aula por mais alguns meses e recebendo um diploma oficial. Ela adorava aprender, mas estaria perfeitamente feliz em nunca voltar para a escola.

Enquanto caminhavam pelo corredor, Caitlin procurou por rostos familiares. Eles estavam passando por calouros e alunos do segundo ano, e ela não encontrou ninguém da sua turma de veteranos. Mas, enquanto eles passavam pelos outros garotos, ela ficou surpresa em ver a reação no rosto de todas as garotas: todas elas literalmente encaravam Caleb. Nenhuma única garota tentou esconder isso, ou era capaz de não olhar. Era incrível. Era como se ela estivesse caminhando pelo corredor com Justin Bieber.

Caitlin se virou e viu que todas as garotas haviam parado, ainda encarando. Várias estavam sussurrando umas para as outras.

Ela olhou para Caleb, e se perguntou se ele havia notado. Se ele notou, não estava dando nenhum sinal disso, e ele certamente não parecia se importar.

“Caitlin?” uma voz chocada disse.

Caitlin se virou e viu Luisa ali parada, uma das garotas de quem ela era amiga antes de se mudar.

“Meu Deus!” Luisa disse entusiasmada, esticando seus braços para um abraço. Antes que Caitlin pudesse reagir, Luisa a estava abraçando. Caitlin a abraçou de volta. Foi bom ver um rosto familiar.

“O que aconteceu com você?” Luisa perguntou, falando com rapidez e entusiasmo, como sempre fazia, seu leve sotaque hispânico aparecendo, já que ela havia se mudado de Porto Rico apenas alguns anos antes. “Eu estou muito confusa! Eu achei que você tinha se mudado!? Eu lhe enviei mensagens, mas você nunca respondeu –”

“Eu sinto muito,” Caitlin disse. “Eu perdi meu telefone, e não tenho estado perto de nenhum computador, e–”

Luisa não estava ouvindo. Ela havia acabado de notar Caleb, e estava o observando, hipnotizada. O seu queixo literalmente caiu.

“Quem é o seu amigo?” ela finalmente perguntou, quase em um sussurro. Caitlin sorriu: ela nunca havia visto a sua amiga tão nervosa.

“Luisa, este é Caleb,” Caitlin disse.

“É um prazer,” Caleb disse, sorrindo e estendendo a sua mão.

Luisa apenas continuou a encará-lo. Ela levantou a mão lentamente, atordoada, obviamente chocada demais para falar. Ela olhou para Caitlin, sem entender como ela havia conseguido um homem assim. Ela olhou para Caitlin de forma diferente, como se nem sequer soubesse quem ela era.

“Hum…” Luisa começou, com olhos arregalados, “…hum…tipo…onde…tipo…como vocês dois se conheceram?”

Por um segundo, Caitlin brincou com a ideia de como responder. Ela se imaginou contando tudo à Luisa, e sorriu ao pensar nisso. Não iria funcionar.

“Nós nos conhecemos…depois de um show,” Caitlin disse.

Pelo menos, aquilo era parcialmente verdade.

“Meu Deus, que show? Na cidade? O Black Eyed Peas!?” ela perguntou apressadamente, “Eu estou morrendo de inveja! Estou louca para vê-los!”

Caitlin sorriu ao imaginar Caleb em um show de rock. Por alguma razão, ela não conseguia imaginá-lo lá.

“Hum…não exatamente,” Caitlin disse. “Luisa, ouça, me desculpe por cortar você, mas eu não tenho muito tempo. Eu preciso saber onde Sam está. Você o viu?”

“Claro. Todos o viram. Ele voltou semana passada. Ele estava meio estranho. Eu perguntei onde você estava e qual era a dele, mas ele não me disse. Ele deve estar ficando naquele celeiro vazio que ele adora.”

“Não está,” Caitlin respondeu. “Nós estávamos lá.”

“Sério? Desculpe. Eu não sei. Ele é do segundo ano, não é? Nós não nos cruzamos muito. Você tentou enviar uma mensagem para ele? Ele está sempre no Facebook.”

“Eu não estou com o meu telefone—” Caitlin começou.

“Use o meu,”