Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
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28001 Madrid
© 2009 Emily McKaskle
© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Em dívida com o milionário, n.º 1286 - Fevereiro 2016
Título original: In the Tycoon’s Debt
Publicado originalmente por Silhouette® Books.
Publicado em português em 2010
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-687-7587-6
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Página de título
Créditos
Sumário
Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Epílogo
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Catorze anos antes
Faltavam menos de sete quilómetros para a fronteira do condado quando Evie Montgomery viu as luzes azuis e vermelhas pelo espelho retrovisor. Ao seu lado, Quinn McCain soltou um palavrão, algo que raramente fazia na sua presença.
Evie inclinou-se sobre o tabliê do BMW M3 para olhar para o velocímetro e depois para Quinn, o seu marido há exatamente três horas e quarenta e sete minutos.
Tinham planeado tudo semanas antes. Na manhã do seu décimo sétimo aniversário, escapulir-se-iam cedo, iriam de carro até à Conservatória do Registo Civil e casar-se-iam numa cerimónia simples. Uma vez casados, nada poderia separá-los. Nem as ideias arcaicas do seu pai sobre as classes sociais, nem o alcoolismo do pai dele.
– Não vais muito depressa – disse ela. – Porque nos mandaram parar?
Quinn apertou os lábios. Agarrou o volante com as duas mãos e apertou-o, até que os nós dos dedos ficaram brancos. Conduzia ele, embora o carro fosse de Evie, oferecido pelo pai dela quando tinha feito dezasseis anos. Como se o preço do presente pudesse resolver o facto de lho ter dado três semanas depois, porque se tinha esquecido da data.
Quinn, é claro, não tinha carro. O seu pai tinha um Chevy a cair aos bocados, em cima de blocos de cimento diante da caravana onde viviam. Um mês antes, Quinn tinha conseguido juntar dinheiro suficiente para comprar quatro pneus em segunda mão no Mann’s Auto, onde trabalhava desde que saíra do liceu. Tinha passado semanas a tentar arrancar o Chevy, até que o tinha abandonado ao ter consciência de que não podia permitir-se um alternador. Então, também tinha praguejado. Tinha desejado tanto conduzir o seu próprio carro quando fossem casar-se...
O seu orgulho teimoso era uma das coisas que mais gostava nele. Isso e que, numa cidade de quase vinte mil habitantes, fosse o único que a via como algo mais do que a filha de Cyrus Montgomery, alguém que deveria desejar uma vida de riqueza e perfeição.
O medo provocou-lhe um nó no estômago.
– Porque nos mandaram parar? – voltou a perguntar, mais com a esperança de que ele tivesse uma resposta razoável do que por pensar que existia. Quinn abrandou um pouco a velocidade do carro. – Se calhar, tens alguma luz traseira fundida.
– Não – com cada movimento do velocímetro, o pulso acelerava-lhe mais um pouco.
– Não pares! – ordenou, impulsiva.
– Tenho de parar – olhou-a de soslaio. Iam a menos de quarenta à hora. – Evie, o que se passa?
– Se parares, acontecerá uma coisa horrível – estava aterrorizada.
– O quê? – pressionou-a.
– Não sei. Mas uma coisa má. Eu sei. Foi demasiado fácil. De certeza que o meu pai fará alguma coisa horrível, como mandar-te prender ou algo do género.
– Não fizemos nada de mal – arguiu, com lógica. – O xerife não me prenderá.
– O meu pai é praticamente o dono desta cidade. Pode sempre recorrer aos seus colegas para que façam o que ele quiser.
– Isso não é...
– Legal? Não, não é – tinha aprendido a não subestimar a determinação do seu pai. – Vão prender-nos. Vão arranjar uma desculpa qualquer para imobilizarem o veículo. Talvez que é roubado. Qualquer coisa. Falsificarão provas. Talvez até te batam.
– Era isso que te preocupava... Era por isso que me animavas a arranjar o Chevy...
Desejou poder negá-lo, mas o pânico tinha-a paralisado. «E se tiver razão? E se encontrarem um modo de o prender? E se tiver estado muito perto da felicidade para agora desaparecer tudo?»
– Não posso continuar a conduzir – assinalou ele, tentando ser razoável. – Em algum momento terei de parar.
– Não podes parar no condado de Mason? – resistiu. – Temos o depósito cheio de gasolina. Podes chegar a Ridgemore e parar lá numa esquadra de polícia.
Mas, enquanto falava, o brilho das luzes aumentava. Olhou por cima do ombro a tempo de ver um segundo carro da polícia a entrar na estrada, atrás do primeiro.
Ainda faltavam, pelo menos, vinte minutos até Ridgemore. Se Quinn não parasse antes, pensariam que estavam a fugir da polícia. Já tinha visto perseguições de carros na televisão. Tinha visto condutores arrancados dos seus veículos e baleados.
– Vou parar já – disse, com tranquilidade. – O xerife Moroney é um homem razoável. Conheço-o desde sempre. Falarei com ele. Além disso, teremos de enfrentar as pessoas em alguma altura. Agora, poderá ser uma boa.
– Não. É melhor irmo-nos embora. Depois de pararmos em Ridgemore, poderemos ir para qualquer sítio. Dallas. Los Angeles. Londres. Para onde quer que seja.
– Não podemos ir para qualquer sítio. Ainda nem sequer acabaste o liceu e só temos duzentos dólares. Além disso, não posso abandonar o meu pai – olhou para ela, com dureza. – Posso cuidar de ti.
– Eu sei – estavam casados, já nada se interpunha entre eles.
– Tudo correrá bem. Em breve, estaremos juntos.
Dizia sempre o mesmo quando estavam juntos, como se estivessem a despedir-se.
– Viajaremos para um sítio distante, onde nem sequer conheçamos a língua – disse ela, como dizia sempre. Fazia parte da fantasia elaborada. – Beberemos café num pequeno café ao lado de um parque e pediremos pratos que não sabemos pronunciar.
– Ficaremos nos melhores hotéis – acrescentou ele.
– Beberemos champanhe caro.
– E cobrir-te-ei de diamantes – disse Quinn, ligando o pisca-pisca e olhando por cima do ombro.
– E eu cobrir-te-ei de amor – disse ela, triste.
Antes que Quinn abrisse sequer a porta, ela saltou do carro.
– Xerife – começou, mas ele interrompeu-a.
– Mantém-te fora disto, Evie.
– Não.
O xerife olhou para ela com dureza e fez uma expressão de desaprovação.
– Isto não tem nada a ver contigo.
– O que se passa, senhor? – perguntou Quinn, saindo do carro.
– Vais ter de me acompanhar, Quinn.
– Porquê? – perguntou ela. – Não fez nada.
O xerife não olhou para ela, os seus olhos continuavam cravados em Quinn.
– O carro que conduzes foi roubado.
– É o meu carro – interveio ela. – Não foi roubado.
– Está em nome do teu pai, Evie. Não tornes isto mais difícil do que já é.
– Não pode fazer isto, não o permitirei – levantou uma mão em direção ao xerife, sem se dar conta de que um dos seus ajudantes estava atrás dela.
Não soube se seria excesso de zelo ou se teria interpretado mal o seu gesto, mas o ajudante agarrou-a pela cintura, segurou-lhe os braços e levantou-a do chão. Gritou para protestar.
Quinn atirou-se a ele, mas o xerife foi mais rápido. Empurrou-o com um joelho e um cotovelo, e atirou-o ao chão. Evie passou da angústia à raiva. Bateu no homem que a segurava, sem deixar de gritar. Inútil. Não a largou. Não conseguia ajudar Quinn.
Viu, impotente, como o rapaz que amava, o seu marido há menos de quatro horas, era levantado do chão e metido atrás de uma grade, no banco traseiro do carro do xerife. Rogou ao xerife, ao seu ajudante, mas nenhum deles a ouviu.
Não, não fora raptada. Não, o seu carro não fora roubado. Não, nunca tinha visto a pistola que diziam que havia no bolso de Quinn. Não, não sabia que ele podia ter posto as mãos na gargantilha de diamantes da sua mãe, que também diziam que tinham encontrado com ele.
Não a deixaram vê-lo. Não a deixaram chamar um advogado para ele. Nem sequer deixaram que lhe desse um lenço. Esperou durante horas à porta da prisão. Então, justamente antes da meia-noite, apareceu o seu pai. Tranquilo e completamente controlado, disse-lhe que Quinn ficaria livre de todas as queixas apenas com uma condição: ela tinha de assinar os papéis da anulação do casamento. De outro modo, enfrentaria uma pena entre cinco a dez anos na prisão.
Portanto, assinou os papéis.
O inferno do seu décimo sétimo aniversário.