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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2001 Donna Jean

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

O lado selvagem, n.º 459 - outubro 2018

Título original: Walk on the Wild Side

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1307-192-3

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Prólogo

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Catorze

Capítulo Quinze

Capítulo Dezasseis

Capítulo Dezassete

Epílogo

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Prólogo

 

 

 

 

 

– O teu lugar é aqui, a conduzir a companhia – disse Edwin Chandler, repreendendo a sua neta. – Não tenho mais nada a dizer… sobre esse teu contra-senso em pedir uma licença, para uma reflexão sobre o teu futuro.

Susan Haddon Chandler continuava com um olhar distante que atravessava o vidro colorido da limusina. De outra forma, o comentário mordaz e o olhar reprovador do avô, levá-la-iam à tentação de o estrangular. O que não faria qualquer sentido. Pois teria que assumir, na mesma hora, os negócios da família.

– Susan, estás a prestar atenção? Eu não te criei para seres mal-educada.

Não, pensou entediada, ela fora criada para ser calculista, sem sentimentos, apenas voltada para os negócios e no fundo, exactamente igual aos seus avós. Para o inferno com o amor, a vida e tudo o que lembrasse a felicidade.

E ela odiava ser chamada de Susan. Os seus avós seriam os únicos seres do mundo, que não a chamariam de Sunny. Este apelido fora a única coisa bonita que o seu pai lhe dera, antes de morrer, juntamente com a mãe, num acidente durante uma corrida de iates, pouco antes que completasse cinco anos.

A partir daquele dia, soubera que este momento chegaria. Sempre imaginara que, assim que esta hora chegasse, teria que encontrar uma forma de aceitar o inevitável. Os demais graduados da sua turma agarraram-se ao diploma como algo que representava um passaporte para a independência.

Entretanto, ela não pensava dessa forma.

A sua formatura representaria a sua passagem de ida para uma vida aprisionada, no bloco frio de granito e aço que emoldurava a Chandler Empreendimentos. Esperava-se que continuasse a viver no seu conjunto de suites em Haddon Hall, a ancestral mansão que pertencera à bisavó, e de onde, os seus avós poderiam continuar a controlar até o ar que respirava.

Como ela poderia dizer «Obrigada, mas, não obrigada», àqueles que lhe deram tudo?

Arriscou uma olhadela para o seu avô e sentiu-se ainda mais deprimida. Não saberia o que dizer para penetrar naquela obstinada peça de rocha, que chamava de coração.

– Avô, eu não estou a tentar contrariá-lo – começou ela.

– Bem, estás a conseguir, e muito bem. Eu não estou a rejuvenescer. Já é tempo de pôr um fim a esta tolice.

O seu avô tinha setenta e oito anos. Mas, ainda era capaz de trabalhar uma semana inteira, sem parar. Ela sabia que continuaria assim até que caísse morto, de preferência quando estivesse à frente de uma reunião de directoria internacional, a fechar negócios de milhões de dólares. Ela tinha quase a certeza de que na sua certidão de nascimento, constava uma cláusula pela qual se esperava que fizesse o mesmo.

– Eu acabei de terminar os meus estudos. Não entendo porque é uma tolice, proporcionar-me um pouco de tempo – raciocinou ela. – Sabe muito bem o quanto aprecio tudo o que vocês fizeram por mim. Não estou a virar as costas à Chandler Empreendimentos. – O olhar crítico que lhe dedicou, confirmou a sua decisão. Ela não estava nem um pouco acanhada. Edwin já vira isso antes. E agora, ele teria que conviver com o génio que criara. – Eu tenho toda a intenção de assumir o meu lugar na companhia – disse. – Porém, o avô não tem qualquer vontade de deixar o cargo tão cedo. Seis meses não irão alterar, significativamente, os seus planos. Eu tenho apenas vinte e cinco anos. Tenho uma vida inteira para dedicar à Chandler Empreendimentos. Estou a reivindicar apenas seis meses.

– Dispuseste de muito tempo enquanto estudavas.

«Não, não tive», pensou ela com obstinação. Os seus avós escolheram a associação de alunos que ela tinha solicitado, com a certeza de que iria dividir as acomodações com jovens de famílias bem-postas, e que a vigiariam muito de perto. Isto, quando não lhe pediam que voasse para casa, todos os fins-de-semana, para qualquer acontecimento social, ou outras actividades.

Ela tentou mais uma vez.

– Não é como se me estivesse a querer afastar de si. Eu ficarei aqui, em Chicago. Preciso apenas do tempo suficiente para me conhecer um pouco mais.

– A única coisa que jamais poderás colocar em dúvida é a tua origem e personalidade, Susan. Seis meses podem ser uma eternidade. Estás a par da nossa próxima negociação de uma fusão. Se algum dia pretendes conduzir esta empresa, este é o momento de começar, e assumir a direcção da nova empresa da qual estamos a falar, a partir do dia da assinatura dos acordos. Eu espero que participes das reuniões já programadas e, mais importante, que venhas ajudar-me, juntamente com Frances, na recepção dos vários eventos sociais que estarão a acontecer, o tempo todo, em razão deste inédito evento na história da Chandler Empreendimentos. Sabes muito bem que, nestas ocasiões, se fecham mais negócios do que nas salas de reuniões. Também espero ver-te brilhar e que, comigo ao teu lado, ganhes o teu espaço, circulando por este mundo fechado.

As palavras do seu avô zumbiam sem melodia, na sua cabeça, com medo de o levar à beira de um ataque do coração. Quanto mais ela falava sobre as suas expectativas, mais rapidamente crescia o seu pânico. Ela teria que deixá-lo. Agora.

A limusina viera buscá-la após o seu almoço de negócios, quando Edwin traçara o seu futuro, em termos precisos, na Chandler Empreendimentos. Ela sentira aquele terrível medo de que, uma vez que entrasse no edifício, estaria a comprometer, para sempre, o seu futuro. Terminara os estudos, tinha formação, tanto social como educacional. Mas, faltava-lhe vontade para aquilo.

E, também não tinha qualquer certeza de que iria tê-la um dia.

Olhou para fora, quase consumida pelo desespero. E foi então que viu o anúncio.

Precisamos de ajudantes para cozinha. Tempo inteiro.

– Motorista, pára o carro!

– Susan, pelo amor de Deus.

– Pára o carro imediatamente, por favor.

– Carl, não dê ouvidos a…

No entanto, Carl estacionara o carro junto da berma e Susan preparava-se para sair, tendo ainda tempo suficiente de se dirigir ao avô pela última vez.

– Eu sei que não irá compreender isto e peço-lhe as devidas desculpas. Serão apenas seis meses. E depois, eu serei a melhor criatura que a família Chandler jamais teve. Eu prometo.

– O que entendo é que pareces mais imatura do que Frances e eu imaginávamos. Desapontaste-me muito, Susan. Esta tua pequena escapadela sairá mais cara para ti do que para mim. Logo descobrirás que não sabes nada a respeito do, assim chamado, mundo real. Queres seis meses? Não aguentarás seis dias.

Este foi o seu último engano. Parecia que estava a agitar um sinal de desafio. Todo aquele que já fizera negócios com um Chandler aprendia rapidamente que jamais deveriam ser desafiados. Não, se pensassem em ganhar. Os Chandler venciam sempre. Claro que agora se tratava de um Chandler contra uma Chandler. Sunny não estava feliz por isso, mas jamais iria voltar atrás.

– Então irei aprender. Eu sou inteligente. Tenho os meus diplomas para o provar. – E com isto, fechou a porta do carro. A porta do seu passado, o seu futuro planeado e tudo o que aprendera até agora.

Virando-se, caminhou para o pequeno restaurante italiano, que olhara da rua. Abriu a porta e tirou o anúncio da janela. Não tinha qualquer ideia de que tipo de trabalho se tratava. Mas era uma Chandler, e quando deixasse o restaurante naquele dia, sairia dele com o seu primeiro emprego.

Pela vitrina, percebeu que a limusina partia.

– Adeus, Chandler Empreendimentos – murmurou ela. Olhou para o quadro sobre a porta. «Bem-vindos ao D’Angelos».

Capítulo Um

 

 

 

 

 

A porta do restaurante bateu assim que Sunny entrou, e um ar quente e húmido envolveu-a. Os lânguidos ventiladores de tecto espalhavam um intenso cheiro de enchidos, molhos e mais alguma coisa que não conseguia definir, dando-lhe água na boca e fazendo roncar o seu estômago.

A decoração do restaurante mostrava um ambiente agradável e acolhedor. Toalhas tradicionais de mesa xadrez e delicados guardanapos de tecido branco estavam dispostos sobre as mesas. A dominar o centro do salão, grandes mesas redondas acomodavam famílias barulhentas, que almoçavam e conversavam. Junto às paredes, havia pequenas mesas, em áreas reservadas e íntimas. Mesas ideais para um jantar romântico. Quadros de animadas paisagens italianas cobriam as paredes amarelas, trepadeiras desciam de cornijas por entre as mesas, entrelaçando-se por entre as treliças que as separavam.

Tudo no D’Angelos, lembrava um caloroso abraço de boas-vindas.

Tudo o que a Chandler Empreendimentos jamais fora.

Sentiu-se imediatamente bem. Chegara até aqui trazida pelo destino. Das traseiras do salão, apareceu uma velha senhora de avental. Meio baixinha, robusta e com cabelos ajeitados em cima da cabeça, num surpreendente e viçoso carrapito. Ao vê-la parada ali, com o anúncio na mão, deu um largo sorriso para Sunny, que foi logo retribuído. Levou um longo tempo até que Sunny se acalmasse e que as suas pernas parassem de tremer.

– Está aqui à procura de emprego? – perguntou a senhora, com um sotaque italiano típico de Chicago.

Sunny deu um passo à frente e estendeu a mão.

– Sim, eu sou Sunny Chandler, e estou aqui pelo emprego.

A mulher pegou-lhe na mão e deu-lhe uma sacudida que a fez estremecer. A sua idade deveria ser próxima à de Edwin, a julgar pelas suas rugas no rosto e o dorso da mão, cheio de pintas castanhas. Sunny gostou da senhora.

– Tem qualificações? Referências?

Sunny vacilou, mas só por um instante. Com os ombros erectos, falou com determinação, mantendo o olhar na senhora.

– Não tenho referências, mas, durante dois anos, fiz formação na Academia Jean Marc, e formei-me com louvor.

– E quando obteve esse diploma?

O rosto de Sunny incendiara-se, mas a sua postura continuava erecta.

– Eu tinha catorze anos, madame.

A velha senhora sorriu com franqueza.

– Isso representa algum problema? Eu asseguro-lhe que sou uma boa aprendiz e trabalho com vontade.

– Precisa deste trabalho, não é? – balançou a cabeça em silêncio. – Está aqui, portanto, quer o trabalho. Quero saber porquê – disse, dirigindo-se para a mesa mais próxima. – Sente-se. Terá que me dizer o que a trouxe hoje ao D’Angelos. Só então decidirei sobre o seu futuro emprego. Este será o seu currículo.

Sunny sentou-se. A velha senhora também, e estendeu-lhe a mão.

– Eu sou Benecditine D’Angelo. Todos me conhecem por mama Bennie.

– Muito prazer em conhecê-la, senhora D’Angelo.

A mulher sacudiu a cabeça.

– Você não é uma pessoa comum.

– Eu orgulho-me de ser uma pessoa comum. Gostaria muito de a chamar mama, desde que me permitisse. Poderá chamar-me de Sunny.

A mulher aquiesceu com um movimento da cabeça acompanhado de um rápido sorriso.

– O seu nome brilha tanto como o seu sorriso. E gosto do seu estilo.

– O sentimento é mútuo – gracejou Sunny.

Bennie mediu-a.

– A roupa que está a usar vale mais do que o que irá ganhar aqui, durante alguns meses de trabalho. Expressa-se de uma forma que revela ter estudado e formado em escolas melhores do que a Jean Marc. – Inclinou-se para a frente, pregando Sunny na cadeira com os seus olhos escuros. – Portanto, porque não conta logo o problema?

Sunny sorriu, agradecendo o estilo franco de Bennie. Contou-lhe a história completa.

Mama Bennie estava carrancuda.

– Parece que os sentimentos do seu avô são parciais. Os D’Angelo não são assim. Somos uma família muito unida, mas o amor significa permitir, àqueles a quem amamos, encontrar a sua própria felicidade. Afortunadamente, vários D’Angelo foram felizes aqui. O nosso restaurante já está na terceira geração, e sempre foi administrado pelos D’Angelo.

– Então porque colocaram o anúncio?

– O meu neto mais novo, Joey, está a estudar fora e deverá formar-se este Outono. Ele é programador de computadores. Projecta esses jogos malucos tão apreciados pelas crianças. – Ela encolheu os ombros como que a dizer que aquilo ultrapassava a sua compreensão, mas, na mesma hora, voltou a sorrir. – O nosso Joey é muito inteligente. Escolaridade completa. Mas este Verão ele deverá ficar na universidade, para trabalhar com um dos seus professores, e, assim, ele está a deixar-nos antes do previsto. Não tenho ninguém para ocupar o seu lugar e por isso estamos a recrutar alguém.

Sunny sentiu que a Providência lhe lançara os seus raios.

– Quer dizer, então, que o trabalho é temporário? Até você encontrar alguém da família?

– Talvez não seja assim. – E lançou um olhar significativo para Sunny.

Era um arranjo perfeito. Poderiam resolver as suas necessidades até que não precisassem mais da ajuda uma da outra. Quando chegasse o momento, ela voltaria para os Chandler, e um D’Angelo ocuparia o seu lugar.

– Eu acho que estou no lugar certo.

– Eu também acho, mas tenho de ser honesta consigo, Sunny. Eu sou à moda antiga e gostaria que você fosse uma boa rapariga italiana. Mas, também tenho a vivência para apreciar, de vez em quando, uma mudança de cardápio. – Ela deu uma piscadela e fez menção de se levantar. – Eu vou dar-lhe um prazo de trinta dias de experiência. Esteja certa de que precisará de honrar esse fantasioso diploma de gourmet que obteve.

– Não irei decepcioná-la, mama Bennie – respondeu Sunny, corada.

– Estou certa de que irá tentar, e só posso desejar que consiga. Todavia há mais uma coisa, antes que você preencha os formulários. Uma coisa insignificante, creio.

Ela conseguira o emprego! Sunny ficara tão aliviada que, naquele momento, nada mais lhe importava.

– Tenho a certeza de que seja o que for, eu…

– Não é seja o que for, mas seja quem for. – Mama Bennie puxou a sua cadeira e levantou-se. – Siga-me.

Sunny acompanhou a velha senhora para os fundos do restaurante. Passaram pela porta vaivém que levava à cozinha. Ouviram, de repente, uma conversa em italiano, seguida de estrondos e tinidos de vários pratos e panelas, acompanhada por mais vozes, numa acalorada discussão.

Ela parou por um momento, antes que mama Bennie lhe pegasse pelo braço e continuasse na direcção do corredor.

– Venha, venha. Não se preocupe com Carlo. Ele é impulsivo, mas muito delicado por dentro. A sério.

Sunny não tinha tanta certeza disso. Mais um barulho que a fez estremecer, e ela olhou por cima do seu ombro na direcção da porta vaivém. Porque se tinha metido nisto?

Mal ela teve tempo de pensar nisso, quando mama Bennie bateu uma vez a uma grande porta de madeira e a abriu, sem esperar por uma resposta.

– Niccolo, a nossa nova ajudante de cozinha está aqui. Quero que ela comece a trabalhar imediatamente. Preciso apenas dos papéis. – E antes que Sunny pudesse formar qualquer opinião, mama Bennie deu-lhe um grande abraço.

O homem para o qual ela olhava, apenas poderia ser definido como imponente. E isto devia-se, parcialmente, ao seu tamanho. Estavam dentro do armazém, cheio de produtos, e ele, com uma prancheta na mão, conferia-os. Parou para a encarar. Diferente de mama Bennie, ele não lhe deu as boas-vindas com um caloroso sorriso. Nem próximo disso.

Ele trajava calças pretas e uma camisa branca, com o colarinho aberto. As mangas estavam levantadas, desajeitadamente, sobre os antebraços musculosos. Ela podia ver a t-shirt sob a camisa de algodão. Era o velho estilo de vestir dos soldados. Achava que não existia mais, mas alguma coisa neste estilo, que definia o seu tórax e costas, chamou-lhe a atenção. Ela olhou-lhe o rosto.

Os seus olhos castanhos eram insondáveis, com pestanas grossas, que numa mulher poderiam ser falsos. Os seus cabelos imploravam para que as mãos de uma mulher se afundassem neles, eram cheios, escuros e um pouco selvagens. Ela imaginou-o ardente e apaixonado, a gritar em italiano. Este pensamento fê-la olhar para a sua boca. Grande erro. Era cheia, generosa, mesmo apertada como estava agora.

De repente, começou a pensar em quartos cheios de vapor e emoções quentes que a sua mente, bem ordenada, jamais imaginara percorrer. Era como se ele tivesse descoberto as suas hormonas e mexido com elas. Intensamente.

Em seguida desviou o olhar dela e, de repente, a luz apagou-se.

– Não estamos a contratar alguém parecido com ela para trabalhar na minha cozinha.

Mama Bennie resmungou qualquer coisa em italiano, que Sunny praticamente não entendeu, mas o veemente homem em frente dela, refreou a sua língua. A sua expressão, entretanto, continuava alterada. Talvez ele fosse o chefe geral ou qualquer coisa dessas. Todos ali eram muito temperamentais. E se ele fosse a personificação das fantasias de cada mulher italiana de sangue quente?

Só porque ela se parecia com o estereótipo da mulher loira de olhos azuis, branca, anglo-saxónica e protestante, não significava que não poderia abrir o caminho neste seu mundo sombrio, pequeno e machista. Ela ultrapassara Jean Marc, que poderia dar a este camarada, lições sobre a caça de testosterona, conseguira persuadir mama Bennie e também iria convencer este indivíduo. Acima de tudo, vencer era a especialidade dos Chandler. Perguntava-se qual seria a reacção do seu avô, quando soubesse que devia o seu novo trabalho à sua formação na escola.

Estava preparada para uma grande batalha, quando, de repente, mama Bennie lhe tirou o chão sob os pés.

– Sunny Chandler, este homem jovem e teimoso é o meu neto Nick D’Angelo. Apesar dos seus defeitos, ele é bom no que faz. Ele é a terceira geração dos D’Angelo, e aquele que assumirá este negócio. – Ela sorriu para ambos. – Aqui está o seu novo chefe.