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UM   R E I NADO   DE   AÇO

 

 

(LIVRO Nº11 DA SÉRIE O ANEL DO FEITICEIRO)

 

 

 

Morgan Rice

 

 

Sobre Morgan Rice

 

Morgan Rice é a autora do bestseller Nº1 de DIÁRIOS DE UM VAMPIRO, uma série destinada a jovens adultos composta por onze livros (em progresso); da série bestseller Nº1 TRILOGIA DE SOBREVIVÊNCIA, um thriller pós-apocalíptico composto por dois livros (em progresso); e da série bestseller Nº1 de fantasia épica O ANEL DO FEITICEIRO, composta por treze livros (e contando).

Os livros de Morgan estão disponíveis em áudio e versões impressas, e traduções dos livros estão disponíveis em alemão, francês, italiano, espanhol, português, japonês, chinês, sueco, holandês, turco, húngaro, eslovaco (e mais idiomas em breve).

TRANSFORMADA (Livro Nº1 da série Diários de um Vampiro), ARENA UM (Livro Nº1  da série Trilogia de Sobrevivência), EM BUSCA DE HERÓIS (Livro 1 da série O Anel Do Feiticeiro)  e A ASCENSÃO DOS DRAGÕES (Livro 1 da série Reis e Feiticeiros) estão disponíveis gratuitamente!

Morgan gosta de ouvir sua opinião, então por favor, sinta-se à vontade em visitar www.morganricebooks.com para se juntar à lista de correspondência, receber um livro grátis, receber brindes, efetuar o download do aplicativo gratuito, receber as últimas notícias exclusivas, se conectar com o Facebook e o Twitter, e manter contato!

Críticas aos livros de Morgan Rice

 

“Uma fantasia espirituosa que inclui elementos de mistérios e intriga em sua trama. Em Busca de Heróis mostra onde nasce a coragem e como a busca por um propósito leva ao crescimento, amadurecimento e excelência... Para aqueles que buscam aventuras, os protagonistas, acontecimentos e ação oferecem uma série de acontecimentos relacionados à evolução de Thor de uma criança sonhadora a um jovem adulto e sua busca pela sobrevivência apesar de todas as dificuldades... Este é apenas o começo de uma série de literatura juvenil épica.”

Midwest Book Review (D. Donovan, Crítica de E-livros)

 

“O ANEL DO FEITICEIRO reúne todos os ingredientes para um sucesso instantâneo: tramas, intrigas, mistério, bravos cavaleiros e relacionamentos repletos de corações partidos, decepções e traições. O livro manterá o leitor entretido por horas e agradará a pessoas de todas as idades. Recomendado para fazer parte da biblioteca permanente de todos os leitores do gênero de fantasia.”

--Books and Movie Reviews, Roberto Mattos.

 

“A fantasia épica de Rice [O ANEL DO FEITICEIRO] inclui as características clássicas do gênero - um lugar marcante, altamente inspirado pela antiga Escócia e sua história, e uma boa medida de intriga da corte.”

Kirkus Reviews

“Adorei como Morgan Rice construiu o personagem de Thor e o mundo em que ele vive. A paisagem e as criaturas que vivem no lugar são bem descritas... Eu gostei de trama, curta e doce... A quantidade ideal de personagens secundários me ajudou a não ficar confusa. Há bastante aventura e momentos angustiantes, mas a ação contida no livro não é excessivamente violenta. O livro é ideal para leitores adolescentes... Há indícios de algo realmente marcante no primeiro livro da série..."
--San Francisco Book Review

“Neste livro recheado de ação, o primeiro da série de fantasia O Anel do Feiticeiro (que atualmente conta com 14 livros), Rice introduz os leitores ao garoto de 14 anos Thorgrin "Thor" McLeod, cujo sonho é juntar-se ao Exército Prata, os cavaleiros de elite do rei... A narrativa de Rice é sólida e intrigante.”
--Publishers Weekly

“[EM BUSCA DE HERÓIS] é de leitura rápida e fácil. Os finais dos capítulos fazem com que você queira ler mais e é impossível deixar o livro de lado. Há alguns erros ortográficos no livro e alguns nomes estão trocados, mas isso não interfere no andamento da história. O final do livro fez com que eu adquirisse o livro seguinte imediatamente. Todos os livros disponíveis da série O Anel do Feiticeiro podem atualmente ser adquiridos na loja da Kindle e Em Busca de Heróis está disponível gratuitamente para que você comece a ler! Se estiver à procura de algo rápido e divertido para ler nas férias, este é o livro ideal.”

--FantasyOnline.net

 

 

Livros de Morgan Rice

 

REIS E FEITICEIROS

A ASCENSÃO DOS DRAGÕES (Livro nº1)

 

O ANEL DO FEITICEIRO

EM BUSCA DE HERÓIS (Livro nº1)

UMA MARCHA DE REIS (Livro nº2)

UM DESTINO DE DRAGÕES (Livro nº3)

UM GRITO DE HONRA (Livro nº4)

UM VOTO DE GLÓRIA (Livro nº5)

UMA CARGA DE VALOR (Livro nº6)

UM RITO DE ESPADAS (Livro nº7)

UM ESCUDO DE ARMAS (Livro nº8)

UM CÉU DE FEITIÇOS (Livro nº9)

UM MAR DE ESCUDOS (Livro nº10)

UM REINADO DE AÇO (Livro nº11)

UMA TERRA DE FOGO (Livro nº12)

UM GOVERNO DE RAINHAS (Livro nº 13)

UM JURAMENTO DE IRMÃOS (Livro nº 14)

UM SONHO DE MORTAIS (Livro nº 15)

UM TORNEIO DE CAVALEIROS (Livro nº 16)

O PRESENTE DA BATALHA (Livro nº 17)

 

TRILOGIA DE SOBREVIVÊNCIA

ARENA UM: TRAFICANTES DE ESCRAVOS (Livro nº 1)
ARENA DOIS (Livro nº 2)

 

MEMÓRIAS DE UM VAMPIRO

TRANSFORMADA (Livro nº 1)

AMADA (Livro nº 2)

TRAÍDA (Livro nº 3)

PREDESTINADA (Livro nº 4)

DESEJADA (Livro nº 5)

COMPROMETIDA (Livro nº 6)

PROMETIDA (Livro nº 7)

ENCONTRADA (Livro nº 8)

RESSUSCITADA (Livro nº 9)

ALMEJADA (Livro nº 10)

DESTINADA (Livro nº 11)

 

 

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Ouça a série O ANEL DO FEITICEIRO em áudio livro!

 

 

 

 

Copyright © 2014 por Morgan Rice

 

Todos os direitos reservados. Exceto conforme permitido pela Lei de Direitos Autorais dos EUA de 1976, nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, distribuída ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, ou armazenada em um banco de dados ou sistema de recuperação, sem a autorização prévia da autora.

 

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Esta é uma obra de ficção.  Nomes, personagens, empresas, organizações, entidades, eventos e incidentes são produto da imaginação do autor ou foram usados de maneira fictícia.  Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou falecidas, é mera coincidência.


Imagem da capa copyright Slava Gerj, usada com autorização da Shutterstock.com

 

ÍNDICE

 

CAPÍTULO UM

CAPÍTULO QUATRO

CAPÍTULO CINCO

CAPÍTULO SEIS

CAPÍTULO SETE

CAPÍTULO OITO

CAPÍTULO NOVE

CAPÍTULO DEZ

CAPÍTULO ONZE

CAPÍTULO DOZE

CAPÍTULO TREZE

CAPÍTULO QUINZE

CAPÍTULO DEZESSETE

CAPÍTULO DEZOITO

CAPÍTULO DEZENOVE

CAPÍTULO VINTE

CAPÍTULO VINTE E UM

CAPÍTULO VINTE E DOIS

CAPÍTULO VINTE E TRÊS

CAPÍTULO VINTE E QUATRO

CAPÍTULO VINTE E CINCO

CAPÍTULO VINTE E SEIS

CAPÍTULO VINTE E OITO

CAPÍTULO VINTE E NOVE

CAPÍTULO TRINTA

CAPÍTULO TRINTA E DOIS

CAPÍTULO TRINTA E TRÊS

 

“Quanto à terra, dela procede o pão, mas por baixo é revolvida como por fogo. As suas pedras são o lugar de safiras, e têm pó de ouro.”
 
“O cavalo ri do medo, nada o assusta; não recua diante da espada. Impaciente, ele não fica parado quando soam as trombetas. Ao sinal do clarim, diz: ‘Vamos!’”
 
--O Livro de Jó

CAPÍTULO UM

 

Reece se levanta ainda segurando o punhal empalado no peito de Tirus, paralisado em um momento de choque. Todo o seu mundo parece se mover em câmera lenta, e sua visão está turva. Ele tinha acabado de matar seu pior inimigo, o homem responsável pela morte de Selese. Em função disso, Reece sente uma tremenda sensação de satisfação, de vingança e dever cumprido. Finalmente, um grande erro tinha sido consertado.

Mas, ao mesmo tempo, Reece se sente entorpecido pela estranha sensação de preparação para saudar a morte, preparando-se para o fim que certamente se seguiria. A sala está cheia dos homens de Tirus, todos parados, também paralisados pelo choque, tendo testemunhando o evento que acabara de acontecer. Reece se prepara para enfrentar a morte e, no entanto, ele não sente qualquer pesar. Ele se sente grato por ter tido a oportunidade de matar aquele homem, que tinha ousado acreditar que Reece realmente pretendia pedir desculpas a ele.

Reece sabe que sua morte seria inevitável; ele está em grande desvantagem naquela sala, e as únicas pessoas naquele grande salão que estão a seu lado são Matus e Srog. Srog, ferido, está amarrado com cordas, em cativeiro, e Matus está em pé ao lado dele, sob o olhar atento dos soldados de seu pai. Eles seriam de pouca ajuda contra aquele exército dos habitantes das Ilhas Superiores, todos  soldados leais a Tirus.

Mas antes que Reece morra, ele quer completar sua vingança, e tirar o maior número de vidas dos habitantes das Ilhas Superior que ele conseguir.

O corpo de Tirus cai aos pés de Reece, morto, e Reece não hesita: ele extrai a adaga do peito dele e imediatamente gira e corta a garganta do general de Tirus, em pé ao lado dele; com o mesmo movimento, Reece gira o corpo mais uma vez e esfaqueia outro general no coração.

Quando as pessoas no salão começam a reagir, Reece se move rapidamente. Ele pega duas espadas das bainhas dos dois homens que havia matado, e parte para cima do grupo de soldados que começa a se aproximar dele, matando quatro deles antes que ele tivessem a chance de reagir.

Centenas de guerreiros finalmente entram em ação, se aproximando de Reece por todos os lados. Reece invoca todo o seu treinamento na Legião, todas as vezes que ele tinha sido forçado a lutar contra grupos inteiros de homens, e à medida que eles o rodeiam, ele ergue a espada com as duas mãos. Ele não está preso pelo peso de uma armadura - como aqueles outros homens, ou por um cinto cheio de armas, ou um escudo; ele está mais leve e mais rápido do que todos eles e, furioso e encurralado, ele luta por sua vida.

Reece luta bravamente, mais rápido do que todos eles, lembrando todas as vezes que ele tinha lutado contra Thor, o maior guerreiro que ele já tinha enfrentado, lembrando o quanto suas habilidades tinha sido afiadas. Ele leva ao chão um homem após o outro, desferindo golpes de sua espada contra inúmeros outros,  à medida que faíscas voam enquanto ele luta com os adversários que o atacam em todas as direções. Ele dá voltas e mais voltas até que seus braços ficam pesados, cortando uma dúzia de homens antes que eles pudessem piscar.

Mas mais e mais homens entram no salão, há simplesmente muitos deles. Para cada seis que caem, mais uma dúzia aparece, e a multidão se torna mais espessa quando eles se reúnem e pressionam sobre ele de todos os lados. Reece está respirando com dificuldade quando sente uma espada cortar seu braço e ele grita, com sangue saindo de seu bíceps. Ele se vira esfaqueia o homem nas costelas, mas o estrago já tinha sido feito. Ele agora está ferido, e ainda mais homens aparecem de todos os lados. Ele sabe que sua hora havia chegado.

Pelo menos, ele percebe - grato, ele seria capaz cair em um ato de coragem.

"REECE!"

Um grito de repente atravessa o ar, uma voz que Reece reconhece imediatamente.

A voz de uma mulher.

O corpo de Reece fica dormente quando ele percebe que quem é aquela voz. É a voz da única mulher no mundo que ainda era capaz de chamar a sua atenção, mesmo no meio daquela grande batalha, mesmo no meio de seus momentos finais:

Stara.

Reece olha para cima e a vê em pé no alto das arquibancadas de madeira que cobrem os lados da sala. Ela está muito acima da multidão, sua expressão feroz, com veias salientes em sua garganta quando ela grita para ele. Ele vê que ela empunha um arco e flecha, e percebe quando ela aponta para o alto, para um objeto no centro da sala.

Reece segue seu olhar e percebe qual é o plano dela: uma corda grossa, com vinte metros de comprimento, ancorando um imenso lustre de metal com 10 metros de diâmetro, recaindo sobre um gancho de ferro no chão de pedra. O equipamento é tão grosso quanto o tronco de uma árvore, e carrega várias centenas de velas flamejantes.

Reece percebe: Stara planeja arrebentar a corda com uma flecha. Se ela acertar,  derrubaria o lustre no chão e esmagaria metade dos homens daquele lugar. E quando Reece olha para cima, ele se dá conta de que está bem debaixo dele.

Ela o está advertindo para que ele se mova.

O coração de Reece bate acelerado pelo pânico ao mesmo tempo em que ele se vira, baixando sua espada,  e corre descontroladamente na direção do grupo de atacantes, correndo para sair dali antes que o lustre despenque. Ele chuta e dá uma cotovelada atrás da outra, usando a cabeça para tirar alguns soldados para fora do seu caminho à medida que ele corre pelo meio do grupo. Reece se lembra de como Stara costumava ser uma boa atiradora enquanto criança - sempre superando os meninos, e ele sabe ela acertaria seu alvo. Mesmo enquanto ele corre com as costas expostas para os homens que o perseguem, ele confia nela, sabendo que ela não o desapontaria agora.

Um momento depois, Reece ouve o som de uma flecha atravessando o ar, o barulho quando ela acerta a corda e, finalmente, o estrondo quando a peça de ferro maciço cai no chão depois de despencar do teto a toda velocidade. Há um tremendo choque que faz toda a sala tremer, e a vibração também derruba Reece. Reece sente um vento em suas costas, e o lustre por poucos centímetros não o acerta quando ela cai no chão de pedra, apoiando-se em suas mãos e joelhos.

Reece ouve os gritos dos homens atrás dele, e ao olhar por cima do ombro ele vê o estrago que Stara tinha feito: dezenas deles jazem esmagados sob o lustre, há sangue por toda parte e os gritos dos homens presos preenche o ar. Ela havia salvado sua vida.

Reece fica em pé, olhando para Stara, e vê que ela está em perigo agora. Vários homens se aproximam dela e, enquanto ela mira com seu arco e flecha, ele sabe é praticamente impossível que ela possa dar conta de todos eles.

Ela se vira e olha ansiosamente para a porta, claramente pensando que eles poderiam escapar dessa maneira. Mas quando Reece acompanha seu olhar, seu coração cai ao ver dezenas dos homens de Tirus avançar e bloqueá-la, barrando as duas enormes portas duplas com uma viga de madeira grossa.

Eles estão presos - todas as saídas bloqueadas, e Reece sabe que é apenas uma questão de tempo até que eles morram.

Reece observa Stara procurar pelo salão, frenética, até que seus olhos repousam sobre a fila superior das arquibancadas de madeira ao longo da parede traseira.

Ela faz um gesto para Reece enquanto corre naquela direção, e ele não faz ideia do que ela tem em mente. Ele não vê qualquer saída ali, mas Stara conhece aquele castelo melhor do que ele, e talvez tenha uma rota de fuga em mente que ele ainda não consegue ver.

Reece se vira e corre, lutando pelo caminho enquanto os homens começam a se reagrupar e voltam a atacá-lo. À medida que passa no meio da multidão, ele tenta não se engajar em uma luta direta, focado apenas em abrir caminho através deles para poder chegar ao outro lado da sala.

Enquanto corre, Reece olha para Srog e Matus - determinado a ajudá-los também, e tem a feliz surpresa de ver que Matus tinha agarrado as espadas de seus captores e esfaqueado os dois; e observa quando ele rapidamente corta as cordas que mantém Srog preso, libertando-o. Srog não perde tempo; pega uma espada e mata vários soldados que se aproximam dele.

"Matus!" Reece grita.

Matus se vira, olha para ele e, vendo Stara ao longo da parede oposta, percebem para onde Reece está correndo. Matus agarra Srog e, juntos, eles se viram e se dirigem até Reece, todos finalmente correndo na mesma direção.

À medida que Reece abre caminho através da sala, ela começa a se abrir; não há tantos soldados ali naquele canto mais distante da sala, longe da saída barrada onde todos os soldados pareciam se concentrar. Reece espera apenas que Stara saiba o que está fazendo.

Stara corre ao longo das arquibancadas de madeira, saltando cada vez mais alto sobre as fileira, chutando homens no rosto quando eles tentam agarrá-la. Enquanto Reece a observa, tentando alcançá-la, ele ainda não sabe exatamente onde ela está indo, ou qual poderia ser seu plano.

Reece chega até o canto e pula para a arquibancada, saltando para a primeira fileira e então para a próxima, subindo cada vez mais até ficar uns bons cinco metros acima da multidão, na fileira mais alta da arquibancada de madeira, encostada contra a parede. Ele se junta a Stara, e eles caminham rente à parede seguidos de Matus e Srog. Eles têm uma boa vantagem sobre os outros soldados, com exceção de um, que se aproxima de Stara por trás. Reece salta para a frente e o apunhala no coração instantes antes que ele enfiasse um punhal nas costas de Stara.

Stara ergue o arco e atira nos dois soldados que se aproximam por trás das costas de Reece segurando espadas, matando os dois com destreza.

Os quatro se levantam, de costas para a parede no canto mais distante da sala, na parte mais alta da arquibancada, e Reece olha para fora e vê centenas de homens avançando pela sala, cercando-os rapidamente. Eles agora estão encurralados, sem ter para onde ir.

Reece não entende por que Stara os tinha levado até ali, e sem conseguir ver qualquer meio de fuga, ele tem certeza que em breve todos estariam mortos.

"Qual é o seu plano?" Ele grita para ela quando eles ficam lado a lado, lutando contra os homens. "Não há qualquer saída aqui!"

"Olhe para cima," ela responde.

Reece estica o pescoço e vê, acima deles, outro lustre de ferro com uma longa corda conduzindo todo o caminho de volta até o chão.

Reece franze testa, confuso.

"Eu não entendo," ele diz.

"A corda," ela explica. "Agarrem-na, todos vocês, e segurem firme. "

Eles fazem como ela pede, agarrando a corda com ambas as mãos e segurando com toda suas forças. De repente, Reece percebe o que Stara está prestes a fazer.

"Tem certeza que isso é uma boa idéia?" ele grita.

Mas já é tarde demais.

Quando uma dúzia de soldados se aproxima deles, Stara pega a espada de Reece, pula nos braços dele, e corta a corda que segura o lustre.

Reece de repente sente um frio no estômago quando todos eles, agarrando a corda e uns aos outros, disparam para o alto atravessando o ar a uma velocidade vertiginosa, rezando por suas vidas à medida que o lustre de ferro despenca até o chão. O lustre esmaga os homens abaixo deles e os impulsiona para o alto, pendurados na corda.

A corda finalmente para, e os quatro ficam pendurados ali, balançando no ar, uns vinte metros pés acima do salão.

Reece olha para baixo, suando, quase sem conseguir se segurar por muito mais tempo.

"Ali!" Stara grita.

Reece se vira, vê o enorme vitral diante deles, e percebe qual era o seu plano. A corda grossa corta as mãos de Reece, e ele começa a escorregar com o suor. Ele não sabe mais por quanto tempo ele poderia se segurar.

"Eu estou perdendo a força!" Srog grita, tentando o seu melhor para se segurar apesar de seus ferimentos.

"Nós precisamos balançar!" Stara grita. "Precisamos de impulso! Chutem a parede!"

Reece segue o exemplo dela, inclinando-se para a frente e colocando sua bota contra a parede para que, juntos, eles possam usar a parede para ganhar impulso, e a corda balança cada vez mais descontroladamente. Eles empurram várias vezes até que, com um pontapé final, eles balançam todo o caminho de volta, como um pêndulo. Em seguida, gritando, eles se preparam para o impacto contra a e enorme janela com vitrais coloridos.

O vidro se estilhaça, caindo em torno deles, e os quatro se soltam, caindo na plataforma de pedra na base da janela.

Empoleirados vinte e cinco metros acima da sala, com o ar frio soprando atrás dele, Reece olha para baixo e de um lado, ele vê o interior do salão onde centenas de soldados olham para eles perguntando-se como fazer para alcançá-los e, do outro, o lado de fora do forte. Está chovendo lá fora, um vento forte castiga o forte, e a queda de quase quinze metros é suficiente para quebrar uma perna. Mas Reece, pelo menos, vê vários arbustos altos abaixo, e também nota que o chão está molhado e coberto por uma lama macia. Seria uma longa e dura queda, mas talvez tudo aquilo amortecesse um pouco o impacto.

De repente, Reece grita ao sentir um metal perfurando sua carne. Ele olha para baixo e, agarrando seu braço, percebe que uma flecha o tinha atingido, arrancando um pouco de sangue. É um ferimento pequeno, mas dolorido.

Reece olha para baixo e vê que dezenas dos homens de Tirus estão apontando arcos e disparando, e flechas agora passam voando por eles vindas de todas as direções.

Reece sabe que não há mais tempo a perder. Ele vê Stara em de um lado dele, Matus e Srog por outro, todos com os olhos arregalados de medo pela queda diante deles. Ele agarra a mão de Stara, sabendo que seria agora ou nunca.

Sem dizer uma palavra, todos sabendo o que precisa ser feito, eles pulam juntos, gritando enquanto atravessam o ar sob a chuva e vento ofuscantes, debatendo-se enquanto caem. Reece não consegue deixar de se perguntar se eles teriam escapado de uma morte certa apenas para enfrentar outra. 

CAPÍTULO DOIS

 

Godfrey levanta seu arco com mãos trêmulas, inclina-se sobre a borda do parapeito, e mira. Ele tinha a intenção de escolher um alvo e disparar imediatamente, mas quando vê a paisagem abaixo, ele se ajoelha ali, completamente chocado. Abaixo dele milhares de soldados McCloud avançam, um exército bem treinado inundando a paisagem, todos indo direto para os portões da Corte do Rei. Dezenas deles correm para a frente com um aríete, batendo-o na grade de ferro várias vezes, sacudindo as paredes e o chão sob os pés de Godfrey.

Godfrey perde o equilíbrio e dispara, e a flecha navega inofensivamente através do ar. Ele pega outra flecha e se prepara para atirar com o coração batendo forte, sabendo com certeza que ele morreria ali hoje. Ele se inclina sobre a borda, mas antes que possa disparar, uma pedra arremessada por um estilingue voa e bate em seu capacete de ferro.

Há um ruído alto, e Godfrey cai para trás, disparando sua flecha para cima no ar. Ele tira o capacete e coça a cabeça dolorida. Ele nunca havia imaginado que uma pedrinha pudesse machucar tanto; o ferro parece reverberar dentro de seu próprio crânio.

Godfrey se pergunta aonde ele tinha se metido. É verdade que ele tinha sido um heróis, e havia ajudado ao alertar toda a cidade sobre a chegada dos McCloud, ganhando-lhes um precioso tempo. Talvez ele tivesse até mesmo salvado algumas vidas com seu gesto, e certamente havia salvado sua irmã.

No entanto, ali estava ele agora, junto com algumas dezenas de soldados que tinham sido deixados ali, nenhum deles um Prata, nenhum deles cavaleiros, defendendo aquela cidade evacuada contra todo um exército McCloud.  Aquela vida de soldado certamente não era para ele.

Há um tremendo estrondo, e Godfrey tropeça novamente quando a ponte levadiça é esmagada.

Pelos portões abertos da cidade milhares de homens avançam animados, claramente em busca de sangue. Sentado no parapeito, Godfrey sabe que é apenas uma questão de tempo até eles cheguem ali, até o momento em que ele teria que lutar até a morte. É isso o que significava ser um soldado? É isso que significava ser corajoso e destemido? Morrer, para que outros pudessem viver? Agora que ele está prestes a encarar a face da morte, ele não está tão certo de que aquele tinha sido uma boa ideia. Ser um soldado, ser um herói,  é realmente ótimo; mas fica vivo é ainda melhor.

Na mesma hora em que Godfrey pensa em desistir, em correr para tentar se esconder em algum lugar, de repente, vários McCloud invadem os parapeitos, correndo em fila única.Godfrey observa enquanto um de seus companheiros soldados é esfaqueado e cai de joelhos, gemendo de dor.

E então, mais uma vez, algo acontece. Apesar de todo o seu pensamento racional, de toda seu senso comum contrário a ser um soldado, algo que ele não pode controlar estala dentro de Godfrey. Algo dentro dele não pode suportar a ideia de deixar que outras pessoas sofram. Por si mesmo, ele não consegue reunir a coragem; mas quando vê seu companheiro em apuros, algo toma conta dele - uma certa imprudência, algo que poderia até ser chamado de bravura.

Godfrey reage sem pensar. Ele se vê agarrando uma longa lança e correndo para a linha de McCloud que se apressa pelas escadas, correndo em fila única ao longo dos parapeitos. Ele solta um grande grito e, segurando firme a lança, bate no primeiro homem. A enorme lâmina de metal entra no peito do homem, e Godfrey corre, usando seu peso, até a sua barriga de cerveja, para empurrá-los de volta para trás.

Para sua própria surpresa, Godfrey consegue dirigir a fileira de homens de volta para baixo da escada de pedra em espiral, de volta para longe dos parapeitos, sozinho, adiando a invasão da cidade pelos soldados McCloud.

Quando ele termina, Godfrey deixa a lança cair no chão, espantado com ele mesmo, sem saber direito o que tinha acontecido. Seus companheiros soldados também parecem espantados, como se não acreditassem que ele fosse capaz daquilo.

Enquanto Godfrey se pergunta o que fazer a seguir, a decisão é tomada por ele quando ele detecta um movimento pelo canto dos olhos. Ele se vira e vê mais uma dúzia de McCloud prestes a atacar, subindo pelo outro lado dos parapeitos.

Antes que Godfrey possa armar uma defesa, o primeiro soldado chega até ele, empunhando um enorme martelo de batalha, mirando em sua cabeça. Godfrey percebe que o golpe esmagaria seu crânio.

Godfrey desvia para longe do perigo, saindo do caminho - uma das poucas coisas que ele sabia fazer bem, e o martelo passa por cima de sua cabeça. Godfrey então abaixa o ombro e parte para cima do soldado, empurrando-o para trás.

Godfrey o empurra cada vez mais para trás, até que eles passam a lutar ao longo da borda do parapeito, agarrando a garganta um do outro. O homem é forte, mas Godfrey também tem força, um dos poucos dons com que ele tinha sido agraciado em sua vida.

Os dois homens se enfrentam, empurrando-se mutuamente até que de repente, ambos caem sobre a borda.

Os homens despencam no ar, segurando-se um no outro enquanto caem uns bons dez metros até o chão duro. Godfrey gira no ar, na esperança de pousar no topo daquele soldado, em vez do contrário. Ele sabe que o peso do homem, e de toda a sua armadura, certamente o esmagariam.

Godfrey vira no último segundo, caindo em cima do homem, e o soldado geme sob o peso de Godfrey - que o esmaga, nocauteando-o.

Mas a queda tem seus efeitos sobre Godfrey, que fica sem fôlego; ele havia batido com a cabeça, e ao rolar para fora do homem, sentindo cada osso de seu corpo dolorido, Godfrey fica parado por um segundo antes que seu mundo comece a girar e ele, deitado ao lado de seu inimigo, desmaia ao seu lado. A última coisa que ele vê ao olhar para cima, é um exército de soldados McCloud invadindo a Corte do rei e tomando-a sob seu domínio.

 

*

 

Elden está nos campos de treinamento da Legião com as mãos nos quadris acompanhado de Conven e O'Connor, supervisionando os novos recrutas que Thorgrin havia deixado sob seus cuidados. Elden observa tudo com um olhar de especialista enquanto os garotos galopam de um lado ao outro do campo, tentando saltar sobre valas e lançar lanças nos alvos suspensos. Alguns meninos não conseguem saltar, caindo com seus cavalos; outros saltam com sucesso, mas erram os alvos.

Elden balança a cabeça, tentando lembrar como ele era quando havia começado seu treinamento na Legião, e tentando tirar encorajamento no fato de que nos últimos dias aqueles garotos já haviam demonstrado sinais de melhora. No entanto, aqueles meninos ainda estão longe dos guerreiros endurecidos ele precisa que eles sejam antes que ele possa aceitá-los como recrutas. Ele tem grandes expectativas, especialmente porque ele tem a grande responsabilidade de deixar Thorgrin e todos os outros orgulhosos; Conven e O'Connor, também, não aceitariam nada menos que a excelência.

"Senhor, trago notícias."

Elden vê um dos recrutas, Merek, o ex-ladrão, correndo até ele com os olhos arregalados. Interrompida de seus pensamentos, Elden estava agitado.

"Rapaz, eu já lhe disse para nunca mais me interrom..."

"Mas senhor, você não entende! Você deve..."

"Não, VOCÊ não entende," Elden rebate. "Quando os recrutas estão treinando, você não..."

"OLHE!" Merek grita, agarrando-o e apontando.

Elden, em um acesso de raiva, está prestes a pegar Merek e jogá-lo no chão, quando olha para o horizonte e fica paralisado. Ele não consegue entender a visão diante dele. Ali, no horizonte,  há nuvens de fumaça negra cobrindo o céu, vindo da direção da Corte do Rei.

Elden pisca, sem conseguir compreender. A Corte do Rei poderia estar pegando fogo? Como?

Gritos surgem no horizonte, os gritos de um exército, juntamente com o som de uma ponte levadiça sendo destruída. O coração de Elden se aperta; os portões da Corte do Rei tinham sido invadidos. Ele sabe que aquilo só poderia significar uma coisa: um exército profissional tinha feito aquilo. Hoje, de todos os dias, no dia de peregrinação, a Corte do Rei estava sendo invadida.

Conven e O'Connor partem para a ação, gritando para os recrutas pararem o que estavam fazendo, e se reunirem.

Os recrutas se apressam, e Elden se aproxima de Conven e O'Connor enquanto todos se acalmam e ficam em posição de sentido, à espera de ordens.

"Homens," Elden anuncia. "A Corte do Rei foi atacada!"

Há um murmúrio surpreso e agitado no meio da multidão de meninos.

"Vocês ainda não estão na Legião, e certamente não são guerreiros da Prata ou guerreiros endurecidos necessários para enfrentar um exército profissional. Aqueles homens que agora invadem a Corte do Rei estão preparados para matar, e se vocês os enfrentarem é bem possível que percam as suas vidas. Conven, O'Connor, e eu temos o dever de proteger a nossa cidade, e temos de ir agora para a guerra. Eu não espero que nenhum de vocês se junte a nós; na verdade, eu até os desencorajaria. No entanto, se algum de vocês assim o quiser, dê um passo à frente agora, sabendo que você pode muito bem morrer no campo de batalha hoje."

Há alguns momentos de silêncio e, então, de repente, todos os meninos em pé diante deles se adianta, todos corajosos e nobres. O coração de Elden se enche de orgulho com a cena.

"Vocês todos se tornaram homens hoje."

Elden monta em seu cavalo e os outros o seguem, deixando escapar um grande grito ao avançarem como um só, como homens de verdade, prontos para arriscar suas vidas pelo seu povo.

 

*

 

Elden, Conven, e O'Connor lideram o caminho, com cem recrutas atrás deles, todos galopando com armas em punho, enquanto correm em direção a Corte do Rei. Ao se aproximarem, Elden olha para fora e fica chocado ao ver vários milhares de soldados McCloud invadindo seus portões, um exército bem coordenado com a clara claramente vantagem de atacar no Dia Peregrinação para emboscar a Corte do Rei. Eles estão em bem menor número, na proporção de  dez inimigos para cada um deles.

Conven sorri, andando na frente.

"Justamente o tipo de probabilidades que eu gosto!" Ele grita, dando um grande grito e avançando na frente dos demais, querendo ser o primeiro a atacar. Conven ergue seu machado de guerra no alto, e Elden assiste com admiração e preocupação quando Conven, de forma imprudente, ataca a retaguarda do exército McCloud sozinho.

Os McCloud têm pouco tempo para reagir quando Conven golpeia com seu machado como um louco, matando dois deles de cada vez. Avançando para o meio dos soldados, ele então salta de seu cavalo e sai voando pelo ar, caindo sobre três soldados e derrubando-os de seus cavalos.

Elden e os outros estão bem atrás dele. Eles entram em confronto com o resto dos McCloud, que são muito lentos para reagir, sem esperar um ataque contra seu flanco. Elden empunha sua espada com ira e destreza, mostrando aos recrutas da Legião como aquilo deveria ser feito e usando seu grande poder para derrubar um soldado após o outro.

A batalha se intensifica e se transforma em uma luta corpo a corpo quando seu pequeno grupo força os soldados McCloud a mudarem de direção para se defender. Todos os recrutas da Legião entram na briga, galopando sem medo para a batalha e enfrentado os McCloud. Elden observa os meninos que lutam com o canto dos olhos, e fica orgulhoso ao ver quando nenhum deles hesita. Eles estão todos envolvidos na batalha, lutando como homens de verdade, em grande desvantagem numérica, e nenhum deles parece se importar.  Homens McCloud caem à esquerda e à direita, completamente desprevenidos.

Mas eles logo perdem a vantagem, quando a maior parte dos homens McCloud se organiza, e a Legião encontra soldados profissionais. Alguns da Legião começam a cair. Merek e Ario levam golpes de uma espada, mas mantém-se em seus cavalos, lutando defendendo-se e abatendo seus adversários. Mas então eles são atingidos por manguais, e caem de seus cavalos. O'Connor, cavalgando ao lado Merek, dá vários tiros com seu arco, matando vários soldados ao redor deles, antes de ser atingido com um escudo e cair de seu cavalo. Elden, completamente cercado, finalmente perde o elemento de surpresa, e leva um forte golpe de martelo nas costelas, e é ferido no antebraço pelo golpe de uma espada. Ele se vira e derruba os homens de seus cavalos - mas ao mesmo tempo, quatro outros homens aparecem. Conven, no chão, luta desesperadamente, balançando seu machado descontroladamente contra cavalos e homens que o atacam -até finalmente ser atingido por trás por um martelo e cair de cara na lama.

Mais reforços McCloud chegam, abandonando o portão para enfrentá-los. Elden vê menos de seus próprios homens, e sabe que em breve todos estariam aniquilados. Mas ele não se importa; a Corte do Rei está sob ataque, e ele desistiria de sua vida para defendê-la, para defender os garotos da Legião com quem ele tem tanto orgulho de lutar. Se eles são meninos ou homens já não importava mais - eles estão derramando seu sangue ao lado dele, e naquele dia, vivos ou mortos, todos são seus irmãos.

 

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Kendrick galopa para baixo da montanha de peregrinação, lidando mil soldados da Prata, todos galopando mais rápido do que nunca, correndo em direção à fumaça negra no horizonte. Kendrick se repreende enquanto cavalga, desejando que ele tivesse deixado os portões mais protegidos, sem esperar tal ataque em um dia como aquele e, acima de tudo, vindo dos McCloud, que ele acreditava terem sido pacificados sob o governo de Gwen. Ele faria com que todos eles pagassem pela invasão de sua cidade, por terem tirado proveito daquele dia santo.

Ao redor dele, todos os seus irmãos avançam, um grupo de mil soldados com toda a ira dos Prata, renunciando sua peregrinação sagrada, determinados a mostrar para os McCloud do que os Prata eram capazes, a fazer com que os soldados McCloud paguem de uma vez por todas. Kendrick promete a si mesmo que no momento em que eles tivessem terminado, nenhum McCloud seria deixado vivo. O lado McCloud das Highlands nunca mais se recuperaria.

Quando Kendrick se aproxima, ele olha pra frente e vê a Legião de recrutas lutando bravamente, junto com Elden e O'Connor e Conven, todos terrivelmente em menor número, e nenhum deles recuando diante dos McCloud. Seu coração se enche de orgulho, mas ele percebe que estão todos prestes a serem derrotados.

Kendrick grita e chuta seu cavalo com ainda mais força, liderando seus homens, e todos eles avançam rapidamente pelo trecho final. Ele pega uma lança longa e quando chega perto o suficiente, ele a atira; um dos generais McCloud vira bem a tempo de ver a lança atravessar o ar e perfurar seu peito, golpe forte o suficiente para penetrar sua armadura.

Os mil cavaleiros atrás de Kendrick soltam um grande grito: a Prata havia chegado.

Os McCloud se viram e, vendo-os pela primeira vez, eles demonstram um medo real em seus olhos. Mil brilhante cavaleiros da Prata, todos montados em perfeita harmonia, descendo a montanha como uma tempestade, todos com armas em punho, todos assassinos endurecidos, e nenhum deles com qualquer sinal de hesitação em seus olhos. Os McCloud se viram para enfrentá-los, mas com evidente trepidação.

Os Prata partem para cima deles, rumo à sua cidade natal, com Kendrick liderando o ataque. Ele empunha seu machado, golpeando com destreza e derrubando vários soldados de seus cavalos; Kendrick então segura uma espada com a outra mão, e cavalgando para o meio da multidão, esfaqueia vários soldados em todos os pontos vulneráveis ​​de suas armaduras.

Os Prata atravessam a massa de soldados como uma onda de destruição, como era o seu costume, nenhum deles à vontade até que estivessem completamente cercados por uma batalha. Para um membro da Prata, esse era o verdadeiro significado de estar em casa. Eles cortam e esfaqueiam todos os soldados McCloud em torno deles, que eram como amadores em comparação a eles, e os gritos se tornam cada vez mais altos à medida que os Prata derrubam soldados McCloud por todos os lados.

Ninguém pode vencê-los; os soldados da Prata são muito rápidos, elegantes, fortes e especialistas em suas técnicas, lutando como uma unidade, como tinham sido treinado para fazer desde que aprenderam a andar. A sua dinâmica e habilidade aterroriza os McCloud, que são como soldados comuns ao lado daqueles cavaleiros treinados à exaustão. Elden, Conven, O'Connor e o restante da Legião, resgatados pelos reforços, voltam a ficam em pé, embora feridos, e se juntam à luta, ajudando ainda mais o ataque dos Prata.

Dentro de instantes, centenas de McCloud jazem mortos, e aqueles que ainda permanecem em pé são tomados pelo pânico. Um por um, eles começam a virar e fugir, e soldados McCloud saem pelos portões da cidade, tentando fugir da Corte do Rei.

Kendrick está determinado a impedi-los. Ele se dirige para os portões da cidade, seguido pelos seus homens, e faz questão de bloquear o caminho de todos aqueles que tentam recuar. Em um efeito de funil, os McCloud são abatidos à medida que chegam ao gargalo dos portões da cidade - os mesmos portões que haviam invadido apenas algumas horas antes.

Enquanto Kendrick empunha suas duas espadas, matando homens de ambos os lados, ele sabe que em breve, todos os McCloud estariam mortos, e a Corte do Rei seria deles mais uma vez. Ao arriscar sua vida para salvar sua terra natal, ele sabe que é esse o significado de estar vivo. 

CAPÍTULO TRÊS

 

As mãos de Luanda tremem enquanto ela caminha, um passo de cada vez, atravessando o vasto Canyon. A cada passo, ela sente sua vida chegando ao fim, sentindo-se deixar um mundo para trás e prestes a entrar em outro. Poucos passos antes de chegar ao outro lado, ela tem a sensação de que aqueles são seus últimos passos na terra.

Romulus está apenas alguns passos de distância dela e atrás dele, há centenas de milhares dos soldados do Império. Voando alto acima deles, com um grunhido sobrenatural, há dezenas de dragões, criaturas ferozes que Luanda nunca tinha visto antes, batendo suas asas contra a parede invisível do Escudo. Luanda sabe que, com apenas mais alguns passos, assim que ela deixasse o Anel, o Escudo seria desativado.

Luanda analisa o destino que a aguarda, considerando a morte certa que enfrentaria nas mãos de Romulus e seus homens brutos. Mas desta vez, ela não se importa mais. Tudo o que ela amava já lhe tinha sido tirado - seu marido Bronson, o homem que ela mais amava no mundo, tinha sido morto por culpa de Gwendolyn. Ela culpa Gwendolyn por tudo de mal que lhe tinha acontecido e, agora, finalmente, a hora de sua vingança havia chegado.

Luanda para diante de Romulus e os dois se encaram, olhando um para o outro sobre a linha invisível. Ele é um homem grotesco, duas vezes maior que qualquer homem jamais deveria ser, puro músculo - músculos tão fortes que seus ombros e seu pescoço mal podem ser vistos. Seu rosto tem uma mandíbula forte e olhos negros grandes como bolas de gude, e sua cabeça parece ser grande demais para seu corpo. Ele olha para ela como um dragão olhando para a sua presa, e ela não tem dúvida de que ele pretende parti-la em pedaços.

Eles se encaram em meio ao silêncio, e um sorriso cruel se forma no rosto de Romulus, assim como um olhar de surpresa.

"Eu nunca achei que a veria novamente," ele diz. Sua voz é profunda e gutural, e ecoa naquele lugar horrível.

Luanda fecha os olhos e tenta fazer Romulus desaparecer, ao mesmo tempo em que tenta desesperadamente desaparecer ela mesma. 

Mas quando ela abre os olhos, ele ainda está ali.

"Minha irmã me traiu," ela responde suavemente. "E agora é minha vez de traí-la."

Luanda fecha os olhos e dá um último passo, saindo da ponte e chegando ao outro lado do Canyon.

Assim que ela faz isso, um barulho estrondoso soa atrás dela; uma névoa de repente sobe girando a partir do fundo do Canyon, como uma grande onda crescente, e com a mesma velocidade volta a descer novamente. Há um outro som, como se a terra estivesse se partindo, e Luanda sabe com certeza que o Escudo foi desativado. Agora, nada resta entre o exército de Romulus e o Reino do Anel. O Escudo havia sido destruído para sempre.

Romulus olha para Luanda, que corajosamente o encara, inflexível, olhando para ele desafiadoramente. Ela sente medo, mas se esforça para não demonstrá-lo, sem querer dar a Romulus essa satisfação.